Artigos - Desinformação
A estrutura de poder no mundo está mudando com uma velocidade tal, que a massa da população, mesmo a parte letrada, não tem a menor condição de percebê-lo claramente.
Por favor, leiam o artigo de Jeremy W. Peters, publicado no New York Times do dia 16 de julho (http://www.nytimes.com /2012/07/16/us/politics/ latest-word-on-the-campaign-
controlled/.
Juntos ou separados, são a prova cabal de que a "grande mídia" americana está sob regime de censura prévia. Praticamente nada do que se ouve de altos funcionários da Casa Branca se publica nos principais jornais e canais de TV sem ser antes aprovado, alterado ou totalmente reescrito por homens de confiança do presidente. Pior: o encarregado da censura não é sequer um órgão do governo – é o escritório da campanha eleitoral de Obama, em Chicago.
Que esse controle existia desde as eleições de 2008, era algo que se podia perceber pelo conteúdo uniforme, escandalosamente seletivo, do noticiário, onde nem uma linha que pudesse arranhar a reputação de Barack Hussein Obama era admitida. O que não se conhecia eram os mecanismos, os canais por onde a censura se exercia.
A confissão de Peters decifrou o enigma: a central de propaganda obamista tem autoridade total para decidir o que o público americano pode ou não pode saber. Peters admite que não só os repórteres do próprio NYT, mas quase todos os jornalistas incumbidos de cobrir os assuntos da presidência concordam com essa imposição, uns por genuína cumplicidade, outros por medo de perder as fontes ou mesmo de ter seu acesso barrado nos órgãos da administração federal.
Peters não escreve em tom de denúncia, mas, envolvido em palavras brandas, o conteúdo revelado torna-se ainda mais explosivo.
Não é preciso acrescentar que a censura estabelecida nos EUA vem reforçada por violentas campanhas de difamação voltadas contra quem ouse violar as proibições. Nem tudo nessas campanhas vem diretamente da central obamista, é claro. A regra número um em operações desse tipo é impelir a opinião pública numa certa direção e depois deixar que a proliferação de colaboradores voluntários, ou idiotas úteis, faça o resto do serviço, reforçando a impressão de que tudo foi uma convergência espontânea de reações compreensíveis.
Uma das metas permanentes da operação é bloquear investigações indesejadas. Em primeiríssimo lugar, como não poderia deixar de ser, a dos documentos pessoais de Obama, que continuam trancados a sete chaves, permitindo que a vida do homem mais famoso do país – mesmo a história da sua vida pública – continue um mistério impenetrável.
A situação é anormal e estranha no mais alto grau, mas o uso obsessivamente repetido da chacota e da intimidação conseguiu disseminar na opinião pública o sentimento de que, bem ao contrário, anormal, doente ou pelo menos altamente impolido é ter alguma curiosidade a respeito. A grande mídia tem feito o diabo para infundir em cada cidadão americano a impressão de que um povo saudável, culto e equilibrado deve deixar-se governar por qualquer desconhecido, sem fazer perguntas, ainda que a biografia oficial do sujeito esteja repleta de contradições e falsificações gritantes.
Como é notório que a presidência Obama tem estimulado por todos os meios a ascensão de forças anti-americanas ao poder no Oriente Médio, compreende-se que investigações a respeito também ocupem um lugar de destaque na lista dos assuntos a evitar. Dias atrás, quatro deputados, entre os quais a republicana Michele Bachmann, pediram aos encarregados da segurança interna do Departamento de Estado que investigassem uma das principais assessoras de Hillary Clinton, Huma Abedin, cuja família tem, comprovadamente, ligações íntimas com a Fraternidade Islâmica e até com o Hamas.
Imediatamente a grande mídia e o exército inteiro dos idiotas úteis, a começar pelo príncipe deles, John McCain, responderam como se a boa imagem da Sra. Abedin estivesse acima de quaisquer considerações de segurança nacional. Onde já se viu, disseram, levantar suspeitas contra uma pessoa tão distinta? Não haveria motivações racistas na mente satânica da deputada Bachmann?
A liberdade de imprensa, enfim, desapareceu nas camadas superiores do país que a ensinou ao resto do mundo. Só subsiste no rádio, na internet e em alguns jornais e revistas regionais.
O material divulgado por esses canais, porém, não chega ao Brasil. O noticiário internacional dos nossos jornais e TVs é cem por cento dependente dos critérios seletivos adotados em órgãos como o NYT , o Washington Post, a CNN e similares, considerados ainda, nas nossas plagas, os modelos supremos do "profissionalismo" jornalístico.
Mais até que os leitores americanos, o público brasileiro está sendo ludibriado, o que basta para explicar por que em nosso país o sr. Barack Hussein Obama é ainda mais popular que no dele.
Por mais inédito e escandaloso que pareça, esse estado de coisas não é um fenômeno de exceção. A estrutura de poder no mundo está mudando com uma velocidade tal, que a massa da população, mesmo a parte letrada, não tem a menor condição de percebê-lo claramente.
Se a classe jornalística se esforçasse dia e noite para explicar a magnitude das transformações, ainda assim o panorama continuaria tão confuso que seria preciso, para compreendê-lo, uma inteligência superior à média.
Com a indústria de comunicações fazendo o que pode para que os fatos mais significativos permaneçam inacessíveis, não é exagero nenhum dizer que a política contemporânea se tornou algo como um segredo esotérico.
Escrito por Olavo de Carvalho
06 Agosto 2012
Publicado no Diário do Comércio.
Publicado no Diário do Comércio.
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