O maior fascínio do esporte é a sua imprevisibilidade. A preparação, a
dedicação, o esforço, o talento, não bastam para garantir a vitória - numa
pista, numa quadra ou numa piscina, tudo pode acontecer. Haverá sempre um
melhor, mais forte, mais rápido.
Afinal, são seres humanos que sofrem, têm medo, são traídos, amargam perdas e frustrações, como todos nós. Grandes alegrias, ou tristezas, às vésperas de uma final, devem influenciar decisivamente a performance de um atleta. Mas a competição pode ser a motivação para superar uma grande perda; ou uma grande alegria pode afrouxar a tensão necessária para esticar a corda do violino.
Vitórias surpreendentes, derrotas inacreditáveis, viradas impossíveis, são a graça do esporte, que maltratam os nervos e explodem corações. Análises técnicas podem explicar resultados, mas não os mistérios das almas que habitam aqueles músculos. O que vai na cabeça desses garotos?, eu me perguntava na véspera da final olímpica do futebol. O que pensam? Como dormem? Será que dormem?
Numa bela tarde de verão, emocionado com a grandiosidade e beleza do estádio de Wembley, testemunhei mais um desses dramas. Como já havia assistido, em 1966, à seleção brasileira bicampeã, com Pelé e Garrincha, ser massacrada por Portugal em Liverpool. O pior foi a longa volta de trem para Londres: para animar o velório esportivo, a batucada dos brazucas veio cantando "Tristeza, por favor vai embora / minha alma que chora" até a Victoria Station.
Sem dúvida esses garotos são todos atletas de alto nível, que já foram vistos brilhando em seus clubes ou na seleção. São todos jovens, ricos, vitoriosos, e estão só começando a carreira. Então, como explicar o fiasco?
Trancafiados num hotel para velhos ricos, sem qualquer contato com os outros atletas na Vila Olímpica, nossos jovens craques eram mandados para os quartos às 10 da noite, onde lhes restavam a internet e o celular. Enquanto isso, no bar do hotel, cartolas de todas as federações estaduais do Brasil, convidados da CBF, enchiam a cara de uísque nacional, antegozavam a vitória e faziam planos para o futuro.
17 de agosto de 2012
Nelson Motta, Estado de São Paulo
Afinal, são seres humanos que sofrem, têm medo, são traídos, amargam perdas e frustrações, como todos nós. Grandes alegrias, ou tristezas, às vésperas de uma final, devem influenciar decisivamente a performance de um atleta. Mas a competição pode ser a motivação para superar uma grande perda; ou uma grande alegria pode afrouxar a tensão necessária para esticar a corda do violino.
Vitórias surpreendentes, derrotas inacreditáveis, viradas impossíveis, são a graça do esporte, que maltratam os nervos e explodem corações. Análises técnicas podem explicar resultados, mas não os mistérios das almas que habitam aqueles músculos. O que vai na cabeça desses garotos?, eu me perguntava na véspera da final olímpica do futebol. O que pensam? Como dormem? Será que dormem?
Numa bela tarde de verão, emocionado com a grandiosidade e beleza do estádio de Wembley, testemunhei mais um desses dramas. Como já havia assistido, em 1966, à seleção brasileira bicampeã, com Pelé e Garrincha, ser massacrada por Portugal em Liverpool. O pior foi a longa volta de trem para Londres: para animar o velório esportivo, a batucada dos brazucas veio cantando "Tristeza, por favor vai embora / minha alma que chora" até a Victoria Station.
Sem dúvida esses garotos são todos atletas de alto nível, que já foram vistos brilhando em seus clubes ou na seleção. São todos jovens, ricos, vitoriosos, e estão só começando a carreira. Então, como explicar o fiasco?
Trancafiados num hotel para velhos ricos, sem qualquer contato com os outros atletas na Vila Olímpica, nossos jovens craques eram mandados para os quartos às 10 da noite, onde lhes restavam a internet e o celular. Enquanto isso, no bar do hotel, cartolas de todas as federações estaduais do Brasil, convidados da CBF, enchiam a cara de uísque nacional, antegozavam a vitória e faziam planos para o futuro.
17 de agosto de 2012
Nelson Motta, Estado de São Paulo
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