SOBRE O FUTURO MERCADO SUCESSÓRIO
Houve tempo em que era moda, na Bolsa de Valores, jogar no mercado futuro. Hoje a prática anda um pouco enfraquecida, mas ainda funcionando.
Agora, se a economia empalideceu, a política passou a ganhar fortes matizes. Além do julgamento do mensalão, da CPI do Cachoeira e das eleições municipais, eventos que terminarão quando chegar o fim do ano, passará a reinar absoluta a sucessão presidencial de 2014, apesar de faltarem dois anos. Isso porque já se torna impossível não imaginar a disputa futura. Apesar de encontrar-se em aberto a disposição das forças partidárias, dá para projetar as preliminares.
Dilma Rousseff, apesar de não haver avançado uma só palavra a respeito, é candidatíssima à reeleição. Em especial depois de o Lula dizer que apenas aceitará candidatar-se caso a sucessora não queira, e em seguida à correção de dona Marisa, para quem o marido estava brincando quando aventou a hipótese.
Supondo-se a atual presidente candidata pelo PT, não obstante a má vontade dos companheiros que não conseguiram transformar o governo num condomínio, a pergunta refere-se diretamente à sua popularidade. Continuando como vai, não haverá força no PT capaz de afastá-la.
Tudo indica que o PMDB acomodou-se desde já, pretendendo continuar a compor a chapa oficial, com Michel Temer na vice-presidência. A concordância de Dilma com as indicações de Renan Calheiros para presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves, na Câmara, selou a base da aliança a ser mantida.
Existem problemas na periferia, é claro: o PSB de Eduardo Campos anda indócil para emplacar a candidatura do governador de Pernambuco. Ele seria aquele fator capaz de desarticular as forças tradicionais, como já aconteceu nos tempos da candidatura de Fernando Collor. Poucos esperavam, mas aconteceu.
Do lado das oposições ortodoxas, com muito pouca ortodoxia, bicos estão batendo na tentativa de os tucanos alçarem vôo. Geraldo Alckmin rompeu a paz ao admitir sua candidatura, decisão que logo despertou José Serra. Imaginava-se o governador paulista acomodado à reeleição a que tem direito, bem como Serra enclausurado na prefeitura paulistana, no caso de vencer em outubro. Derrotado, estaria fora de cogitações, mas vitorioso, apesar de proclamar que apóia Alckmin, na verdade está dizendo que continua no páreo presidencial.
Os paulistas acabam de queimar esses planos, porque no fundo não admitem a prevalência dos mineiros. Assim, atingiram as pretensões quase certas de Aécio Neves vir a candidatar-se. Também, é preciso saber se o ex-governador de Minas está mesmo disposto a enfrentar Dilma e correr o risco de perder, se o governo dela continuar enfeixando a mesma popularidade. Ele é moço. Tem tempo.
Antes da inusitada afirmação de Alckmin, já examinava a possibilidade de voltar ao governo mineiro, onde dispõe de cadeira cativa, até porque o governador Anastásia é inelegível para 2014 .
Sobram os penduricalhos. O PMDB só se animaria a quebrar o entendimento com Dilma caso ela tomasse rumo descendente, o que não é o caso. Mas o PTB, o PDT, o PP e o PR estão aí mesmo para barganhar. Fernando Collor gostaria de tentar a sorte pelos trabalhistas, Cristóvam Buarque, pelos brizolistas. Marina Silva pelos ecologistas. E que outros mais dispostos a acreditar em milagres?
Mercado futuro em política é assim. Em condições normais de temperatura e pressão, costumam realizar-se as hipóteses mais previsíveis, ainda que garantir, ninguém garanta. Quem quiser apostar que aposte, mas será sempre bom aguardar.
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ENQUANTO ISSO…
A longa, precisa e preciosa análise de Mauro Santayana no blog da Tribuna da Imprensa, no fim de semana, exprimiu um alerta que a nenhum governante será dado ignorar. Nem a consciência da nação. O colega demonstrou por onde anda o futuro da indústria bélica nacional, atropelada não só pelas multinacionais, mas pelos governos das principais nações do planeta. Querem destruir o pouco que reconstruímos, depois do lesa-pátria neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. Quem perdeu o texto precisa recuperá-lo.
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