"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

JULGAMENTO DO MENSALÃO VAI MUITO ALÉM DE CONDENAR OU ABSOLVER OS ENVOLVIDOS

 

Na verdade, o mensalão foi o marco que definiu a extinção dos Três Poderes como independentes, porque assim nos foi ensinado ao longo do tempo, que eram separados, absolutamente independentes, repito. Ledo engano.


Manobras eficazes do Executivo arrebanharam o Legislativo e o transformaram em base aliada, mediante compra ou aluguel de siglas partidárias e mantidas posteriormente através da distribuição de ministérios, secretarias, estatais, diretorias, cargos no serviço público sem concurso, enfim, um leque de ofertas tentadoras para se manter a “união” entre esses partidos que dão sustentação “política” ao governo.

A oposição, enfraquecida, não tem como fiscalizar o Executivo, perde o seu papel até mesmo constitucional e, o País passou a ser comandado por um grupo de pessoas que aos poucos destruía uma estrutura com bases na oposição e situação, salutar ao controle de administrações que tentassem subverter a ordem estabelecida pela Carta Magna e sequência à própria democracia!

Não satisfeito com esta maneira imoral e antiética de neutralizar qualquer impedimento às suas intenções de dominar o País, o governo voltou suas atenções ao poder que poderia, em tese, causar futuros aborrecimentos, o Judiciário.

Haja vista o modo de nomear os ministros do Supremo, decisão do Presidente da República, a escolha evidentemente recairia sobre alguém comprometido com o sistema, simpático à “causa”, aliado em questões judiciais no passado. Ora, quanto mais “juízes” na Corte Suprema favoráveis ao governo, qualquer denúncia ou comportamento lesivo por parte deste, haveria a certeza que as sentenças prolatadas jamais seriam condenatórias, mas abrandadas em razão deste vínculo anterior e pelo compromisso do reconhecimento à função desempenhada pelo ministro alvo da escolha.

Cerco fechado, e muito bem articulado. Fim da independência dos poderes constitucionais, todos estariam interligados e trabalhando em favor do Executivo e, este, em prol de um novo modelo de comando, de legítima chefia, dos novos donos do Brasil.

No entanto, eis que surgem dissidentes deste modelo no setor mais importante: o Judiciário. Barbosa, Fux, Weber, Britto e outros consideraram que a honra e a dignidade de suas togas eram mais importantes que os arranjos políticos para conquistar o país através de mutretas, de alianças espúrias, e estão exercendo as suas funções como se espera que homens honestos e decentes assim ajam em benefício do Brasil e de seu povo, alheios aos golpes e estratégias pela manutenção do poder.

Deu zebra. Ainda existem brasileiros patriotas e, justamente, em cargos os mais importantes do País: como juízes!

13 de setembro de 2012
Francisco Bendl

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