Marta Suplicy está radiante - e por que não haveria de estar?
Queria ser candidata a prefeita de São Paulo pela terceira vez. Ganhou uma, perdeu duas.
Lula não deixou. Preferiu Fernando Haddad. Quis brincar de Deus novamente.
Brincou quando empurrou goela a baixo do PT e dos seus aliados a candidatura a presidente de Dilma Rousseff que nunca disputara uma eleição.
Elegeu Dilma.
Deve ter imaginado que seria mais fácil eleger Haddad prefeito.
Imaginou errado.
Então pediu socorro a Dilma e a Marta, a quem tinha desprezado antes.
Dilma gravou mensagens para o programa de televisão do candidato do PT e adoçou a boca de Marta lhe oferecendo o ministério da Cultura.
Dali saiu Anna de Holanda, que até o início desta semana reclamava da falta de dinheiro para tocar os projetos do ministério. Até mesmo para mantê-lo funcionando normalmente.
Na véspera de Marta assumir a vaga deixada por Anna, o Senado realizou em menos de uma hora oito sessões extraordinárias.
Quer dizer: seu presidente abria a sessão, deixava passar um tempinho e encerrava a sessão. Abria a seguinte, deixava passar um tempinho, e a encerrava.
Somente assim foi possível votar a Proposta de Emenda à Constituição que cria o Sistema Nacional de Cultura. O sistema embute um fundo de financiamento para programas de Estados e municípios.
Viu como é fácil mexer na Constituição? Havendo maioria...
Ana poderia ir embora por falta de dinheiro. Marta não poderia entrar sem o mínimo de dinheiro para adoçar outras bocas.
Lula e Dilma esperam que Marta cumpra com seu dever: subtraia dos percentuais de intenção de voto de Celso Russomano, candidato do PRB, da Rede Record e da Igreja Universal a prefeito de São Paulo, os votos que sempre foram do PT.
Ou melhor: que sempre foram de Marta.
A mais recente pesquisa do Instituto Datafolha conferiu que 27% dos paulistanos votaram em Marta três vezes seguidas, segundo o jornalista Fernando Rodrigues.
Só 16% dos eleitores de Haddad estão entre os 27% de Marta.
Entre os eleitores de Russomanno, 27% dizem ter votado três vezes em Marta.
A nova ministra da Cultura disse, ontem, que Lula é um Deus. Por aí se vê o quanto ela está eufórica.
Se Lula é um Deus, o que será Marta caso promova a transferência para Haddad de grande parte dos seus votos, hoje, em poder de Russomano?
13 de setembro de 2012
Ricardo Noblat
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