Cena do ataque ao consulado americano em Bengazi, na Líbia
Informações oficiais da Líbia dão conta de que o embaixador americano no país, Christopher Stevens, foi morto – algo que vai provocar um extraordinário barulho e gerar ainda mais inquietação e violência num pedaço do mundo já bem inquieto e violento. Outros três americanos teriam também morrido no ataque.
No Egito, pelo menos até aqui, não há registro de mortes. A maior baixa para os americanos foi simbólica. Manifestantes trocaram no Cairo a bandeira a meio pau americana na embaixada, por conta do 11 de Setembro, por outra negra.
Vi trechos do filme no YouTube. É um filme absurdamente ofensivo e pateticamente ruim. Em outras circunstâncias, passaria em branco e iria rapidamente para o lixo. Mas não agora. Uma emissora árabe passou o trailer, dublado. Foi quando o drama se iniciou.
O diretor é um americano chamado Sam Becile, 52 anos, que se autoproclama judeu americano. O produtor é um pastor, Terry Jones, que, recentemente, provocou confusão ao queimar exemplares do Corão. O filme, segundo Becile, custou 5 milhões de dólares, e teria sido bancado por integrantes da comunidade judaica americana.
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“CÂNCER DO MUNDO”
Ele fugiu. Por telefone, de um destino ignorado, falou com a agência de notícias Associated Press. Disse que o islamismo é o “câncer do mundo”, e atribuiu o sangue que correu na Líbia à “falta de segurança” no consulado americano.
O duplo ataque imediatamente entrou na agenda eleitoral americana, às vésperas das eleições presidenciais de novembro. Os republicanos, a começar por Mitt Romney, criticam Obama por não reagir com “firmeza” – seja lá o que isso signifique. Os democratas criticam Romney por fazer uso eleitoreiro dos incidentes. É um duelo de cinismo e de insensatez.
A predadora política externa americana no Oriente Médio está na raiz dos acontecimentos no Egito e na Líbia. Enquanto ela não mudar, bombas, infelizmente, explodirão numa quantidade cada vez maior.
13 de setembro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
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