"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 20 de novembro de 2012

A SECA CRUEL, A VERDADE MORTAL E A MENTIRA DESCARADA

 

miséria e seca
 
Ter um bom governo é algo como ter uma boa saúde; a gente só sabe que teve depois de perdê-la. Usando as maravilhosas metáforas futebolísticas que o ex-presidente Lula adora usar, para enganar o limitado pensamento da claque que o aplaude, podemos dizer também que um bom governo é como um bom árbitro de futebol; se ele vai bem no jogo, você nem percebe que ele está em campo.
Essa percepção chegou ao nordestino no momento mais triste possível: na pior seca dos últimos trinta anos.
 
A tão alardeada bonança do milagre econômico petista jamais chegou ao semiárido nordestino e as famílias que lá vivem, banhadas em promessas de maravilhas mil, amargando a dor e o sofrimento de perderem tudo o que possuem (e até a própria vida) sob o sol inclemente e sobre o solo seco e rachado.
 
A verdade mortal é que sobraram propagandas fantasiosas e faltou água. Ao invés de cuidar do básico e do primordial, o governo preferiu levar para o sertanejo o “milagre do consumo” e a felicidade pasteurizada do crédito fácil. Como resultado, o sertanejo que embarcou na farra das compras, agora tem de vender tudo para conseguir sobreviver e se manter na terra seca e sem vida deixada pela estiagem.
 
Sem infraestrutura, sem recursos, sem socorro e sem investimentos que lhes garantissem ao menos a amenização de seus sofrimentos, os nordestinos do semiárido perdem tudo pelo qual lutaram e veem seu trabalho de anos minguar, ressecar e morrer aos poucos.
Derrotados pela mentira descarada de um governo que dizia se preocupar com eles, os nordestinos sedentos acordaram tarde demais para o abandono e para a manipulação dos falsos arautos do “Pai dos Pobres” e assistem abandonados ao “sucesso econômico” apregoado nos jornais e vendido como verdade incontestável pela boca dos políticos.
 
Enquanto a superfaturada transposição do Rio São Francisco dorme no mundo real, na fantasia governamental ela desperta alvissareira e leva fartura e água limpa ao castigado nordestino. Ao mesmo tempo, as já existentes e baratas usinas de dessalinização que salvaram milhares de vidas humanas e animais no passado, apodrecem abandonadas e inativas depois de aguardarem eternamente por uma manutenção de baixo custo que nunca chegou e as manteria em funcionamento.
 
Ao invés de solução, o governo dos “salvadores” e dos “amigos dos pobres” deu força renovada a chamada “indústria da seca” e assegurou manutenção do poder, com força total, das velhas oligarquias nordestinas que monopolizaram os recursos naturais e financeiros por anos e anos a fio, escravizando o nordestino as suas vontades.
 
Por hora, a única coisa que avança no semiárido é a morte e a seca, o pobre nordestino assiste sem nada poder fazer ao sórdido espetáculo de mentiras e fantasias descaradas, vomitadas por aqueles que pouco ligam se ele vive ou morre.
 
Quanto ao nordestino pobre: a seca cruel lhe chicoteia o lombo, a verdade mortal e a mentira descarada disputam sua alma sob o sol inclemente e o chão rachado do eterno e ressequido polígono das secas.
Pense nisso.

20 de novembro de 2012
Arthurius Maximus

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