Ter um bom governo é algo como ter uma boa saúde; a gente só
sabe que teve depois de perdê-la. Usando as maravilhosas metáforas
futebolísticas que o ex-presidente Lula adora usar, para enganar o limitado
pensamento da claque que o aplaude, podemos dizer também que um bom governo é
como um bom árbitro de futebol; se ele vai bem no jogo, você nem percebe que ele
está em campo.
Essa percepção chegou ao nordestino no momento mais triste
possível: na pior seca dos últimos trinta anos.
A tão alardeada bonança do milagre econômico petista jamais
chegou ao semiárido nordestino e as famílias que lá vivem, banhadas em promessas
de maravilhas mil, amargando a dor e o sofrimento de perderem tudo o que possuem
(e até a própria vida) sob o sol inclemente e sobre o solo seco e rachado.
A verdade mortal é que sobraram propagandas fantasiosas e
faltou água. Ao invés de cuidar do básico e do primordial, o governo preferiu
levar para o sertanejo o “milagre do consumo” e a felicidade pasteurizada do
crédito fácil. Como resultado, o sertanejo que embarcou na farra das compras,
agora tem de vender tudo para conseguir sobreviver e se manter na terra seca e
sem vida deixada pela estiagem.
Sem infraestrutura, sem recursos, sem socorro e sem
investimentos que lhes garantissem ao menos a amenização de seus sofrimentos, os
nordestinos do semiárido perdem tudo pelo qual lutaram e veem seu trabalho de
anos minguar, ressecar e morrer aos poucos.
Derrotados pela mentira descarada de um governo que dizia se
preocupar com eles, os nordestinos sedentos acordaram tarde demais para o
abandono e para a manipulação dos falsos arautos do “Pai dos Pobres” e assistem
abandonados ao “sucesso econômico” apregoado nos jornais e vendido como verdade
incontestável pela boca dos políticos.
Enquanto a superfaturada transposição do Rio São Francisco
dorme no mundo real, na fantasia governamental ela desperta alvissareira e leva
fartura e água limpa ao castigado nordestino. Ao mesmo tempo, as já existentes e
baratas usinas de dessalinização que salvaram milhares de vidas humanas e
animais no passado, apodrecem abandonadas e inativas depois de aguardarem
eternamente por uma manutenção de baixo custo que nunca chegou e as manteria em
funcionamento.
Ao invés de solução, o governo dos “salvadores” e dos “amigos
dos pobres” deu força renovada a chamada “indústria da seca” e assegurou
manutenção do poder, com força total, das velhas oligarquias nordestinas que
monopolizaram os recursos naturais e financeiros por anos e anos a fio,
escravizando o nordestino as suas vontades.
Por hora, a única coisa que avança no semiárido é a morte e a
seca, o pobre nordestino assiste sem nada poder fazer ao sórdido espetáculo de
mentiras e fantasias descaradas, vomitadas por aqueles que pouco ligam se ele
vive ou morre.
Quanto ao nordestino pobre: a seca cruel lhe chicoteia o lombo,
a verdade mortal e a mentira descarada disputam sua alma sob o sol inclemente e
o chão rachado do eterno e ressequido polígono das secas.
Pense nisso.
20 de novembro de 2012
Arthurius Maximus
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