O Supremo Tribunal Federal condenou os integrantes da cúpula responsável pela ascensão do PT ao poder a passar uma temporada atrás das grades. Se, com seus 26 anos de penas somadas, José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares eram o que de melhor o partido que há dez anos governa o Brasil tinha a oferecer, que outras mazelas os petistas não têm escondidas por aí?
Nos primórdios do mensalão, José Dirceu era presidente do PT e, já no governo, assumiu a chefia da Casa Civil. Era, em síntese, o "capitão do time", nas palavras do próprio presidente da República. Se não tivesse sido apanhado montando e comandando o maior esquema de corrupção da nossa história política, provavelmente teria sido a opção dos petistas para suceder Lula na presidência do país.
Dirceu é, agora, um condenado da Justiça, com pena de dez anos e dez meses de cadeia pela prática dos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Pelo menos um ano, nove meses e 20 dias ele terá que gramar atrás das grades, provavelmente num presídio de segurança máxima em São Paulo. Também será banido da vida política brasileira, inelegível até 2031, quando terá completado 85 anos.
José Genoino também colecionara todos os cargos de relevo na direção partidária petista. Depois de liderar o partido na oposição, assumira a presidência do PT em sucessão a Dirceu, já com a estrutura do mensalão azeitada e operante. Cuidou de assinar contratos de empréstimos fictícios que compuseram a farsa montada para dar ares de legalidade a parte dos R$ 78 milhões já comprovadamente desviados dos cofres públicos.
Genoino também é, desde ontem, um condenado pela Justiça a seis anos e 11 meses de prisão pela prática dos mesmos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Terá, porém, melhor sorte que Dirceu, podendo cumprir a pena definida pelo Supremo em regime semiaberto, ou seja, terá apenas que passar as noites na cadeia.
Já Delúbio Soares era o responsável por movimentar a dinheirama que lubrificou a relação do PT com seus aliados e pavimentou a conquista do poder pelo partido em 2002. Com Lula na cadeira presidencial, tinha livre trânsito no Palácio do Planalto e andava despreocupadamente por aí com malas de dinheiro, talvez por acreditar que tudo jamais passaria de "piada de salão".
O tesoureiro do mensalão pegou oito anos e 11 meses de cadeia, a serem cumpridos, assim como a pena de José Dirceu, também em regime fechado pelos mesmos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. Na prisão, provavelmente terá regalias distintas daquelas do capitão do time e nenhum motivo para rir de nada.
Dirceu, Genoino, Delúbio e mais 22 réus do mensalão estão indo para a cadeia por comandar um esquema que desviou dinheiro público para corromper parlamentares, comprar voto no Congresso, subjugar um poder da República (o Legislativo) a outro (o Executivo) e, assim, perpetrar um ataque ao Estado Democrático de Direito. Terão um bom tempo de xilindró para se arrepender do que fizeram.
Com a decisão dos ministros do Supremo, a democracia brasileira começou a se defender de tanto acinte, de reiterados desrespeitos, de insidiosas investidas, que também se manifestam por meio da nefasta ocupação e instrumentalização do aparelho estatal por parte do PT e seus aliados.
"[Os condenados] estavam juntos a serviço de algo maior: de uma política de governo que usa agentes políticos, banqueiros, empresários, publicitários. De uma política de governo que usa o público e o privado, a lei, o contrato e os partidos políticos para ameaçar a democracia", escreve Joaquim Falcão, professor da FGV, na(Folha de S.Paulo).
A tudo isso, o país, na figura do Supremo Tribunal Federal, dá agora um basta.
Não é do dia para noite que a corrupção será banida do país.
Mas o julgamento do mensalão é certamente um passo definitivo nesta direção.
Não devemos, porém, nos iludir:
assim como outros notórios corruptos se transmutaram e renasceram sob as bênçãos do PT, os petistas estarão sempre tentando reescrever a história, para que o que há de pior na política continue a prevalecer.
Irão defrontar-se, cada vez mais, com a resistência da oposição.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
13 de novembro de 2012
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