Platão, já velho, comparou seu mais brilhante aluno na Academia a um potro
que escoiceia a mãe depois de beber-lhe todo o leite. Era Aristóteles.
Por que se lembra esse episódio? Porque José Serra ressente-se do comportamento de Aécio Neves. Senão encanecido como Platão, já que é careca, o candidato derrotado à prefeitura de São Paulo bem que merecia uma homenagem da tucanada. Abdicou de disputar qualquer eleição futura, voltará a dar aulas de economia, mas poderia ser homenageado por seus companheiros se escolhido para presidir o PSDB. Daria peso e contextura à função.
Teria a vantagem de não pleitear a candidatura à presidência da República, em 2014, funcionando como árbitro na mais difícil postulação de seu partido, caso a popularidade da presidente Dilma continue em ascensão.
A maior resistência à indicação de Serra para substituir Sérgio Guerra vem de sua própria Academia, ou seja, do aluno Aristóteles, perdão, de Aécio Neves, que acaba de fundar o seu Liceu, contrapartida à escola de Platão, ainda que idêntica. Apenas, uma é paulista, a outra, mineira. É claro que sobre os dois paira a sombra de um Sócrates que não bebeu cicuta, o ex-presidente Fernando Henrique.
Comparar os três luminares gregos da filosofia com os três líderes tucanos pode parecer um sacrilégio, mas, guardadas as proporções, a situação se assemelha. Platão recebeu conhecimento e sabedoria, como discípulo de Sócrates. Serra adquiriu experiência como ministro de Fernando Henrique. E buscou repassá-la a Aécio Neves, que se propriamente não o escoiceia, caracteriza-se por haver-lhe bebido o leite.
No ninho dos tucanos, tanto quanto no berço da filosofia, chocam-se concepções e projeções. Na Grécia Antiga, Sócrates reconhecia apenas saber que nada sabia, mas sofreu por pertencer ao partido aristocrático, punido pela populaça então no poder. Platão imaginou a utopia de que o mundo deveria ser gerido pelos mais sábios, não pela plebe. Aristóteles caracterizou-se por exaltar a lei e a ordem, tendo sido, mesmo, preceptor de Alexandre. Foram conservadores. Se quiserem aplicar expressão moderna, eram três neoliberais.
No Brasil atual, Fernando Henrique, José Serra e Aécio Neves mostram-se elitistas, nos tempos em que prevalece a voz nada rouca, mas barulhenta das ruas. Exatamente como em Atenas.
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MAIS UMA RODADA
Retoma o Supremo Tribunal Federal, hoje, o julgamento do mensalão. Mais uma rodada de fixação de penas, certamente estendida até quarta-feira, mas sem atingir os réus de maior expressão midiática, como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Waldemar da Costa Neto, Roberto Jefferson e outros.
O presidente Ayres Brito aposenta-se antes da definição do futuro desse grupo político, e a pergunta é se deixará seus votos para serem computados, já que participou do processo de condenações. Se for assim, os referidos companheiros e seus aliados que se preparem, pois a caneta do ainda presidente é pesada. Pelo jeito, no que depender dele, haverá prisão fechada para todos.
13 de novembro de 2012
Carlos Chagas
Por que se lembra esse episódio? Porque José Serra ressente-se do comportamento de Aécio Neves. Senão encanecido como Platão, já que é careca, o candidato derrotado à prefeitura de São Paulo bem que merecia uma homenagem da tucanada. Abdicou de disputar qualquer eleição futura, voltará a dar aulas de economia, mas poderia ser homenageado por seus companheiros se escolhido para presidir o PSDB. Daria peso e contextura à função.
Teria a vantagem de não pleitear a candidatura à presidência da República, em 2014, funcionando como árbitro na mais difícil postulação de seu partido, caso a popularidade da presidente Dilma continue em ascensão.
A maior resistência à indicação de Serra para substituir Sérgio Guerra vem de sua própria Academia, ou seja, do aluno Aristóteles, perdão, de Aécio Neves, que acaba de fundar o seu Liceu, contrapartida à escola de Platão, ainda que idêntica. Apenas, uma é paulista, a outra, mineira. É claro que sobre os dois paira a sombra de um Sócrates que não bebeu cicuta, o ex-presidente Fernando Henrique.
Comparar os três luminares gregos da filosofia com os três líderes tucanos pode parecer um sacrilégio, mas, guardadas as proporções, a situação se assemelha. Platão recebeu conhecimento e sabedoria, como discípulo de Sócrates. Serra adquiriu experiência como ministro de Fernando Henrique. E buscou repassá-la a Aécio Neves, que se propriamente não o escoiceia, caracteriza-se por haver-lhe bebido o leite.
No ninho dos tucanos, tanto quanto no berço da filosofia, chocam-se concepções e projeções. Na Grécia Antiga, Sócrates reconhecia apenas saber que nada sabia, mas sofreu por pertencer ao partido aristocrático, punido pela populaça então no poder. Platão imaginou a utopia de que o mundo deveria ser gerido pelos mais sábios, não pela plebe. Aristóteles caracterizou-se por exaltar a lei e a ordem, tendo sido, mesmo, preceptor de Alexandre. Foram conservadores. Se quiserem aplicar expressão moderna, eram três neoliberais.
No Brasil atual, Fernando Henrique, José Serra e Aécio Neves mostram-se elitistas, nos tempos em que prevalece a voz nada rouca, mas barulhenta das ruas. Exatamente como em Atenas.
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MAIS UMA RODADA
Retoma o Supremo Tribunal Federal, hoje, o julgamento do mensalão. Mais uma rodada de fixação de penas, certamente estendida até quarta-feira, mas sem atingir os réus de maior expressão midiática, como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Waldemar da Costa Neto, Roberto Jefferson e outros.
O presidente Ayres Brito aposenta-se antes da definição do futuro desse grupo político, e a pergunta é se deixará seus votos para serem computados, já que participou do processo de condenações. Se for assim, os referidos companheiros e seus aliados que se preparem, pois a caneta do ainda presidente é pesada. Pelo jeito, no que depender dele, haverá prisão fechada para todos.
13 de novembro de 2012
Carlos Chagas
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