A vinculação automática de uma eleição com a próxima é uma realidade brasileira que não contribui para a democracia e prejudica o surgimento de projetos políticos inovadores. Da mesma forma, a intensificação da polarização partidária também não é benéfica ao sistema democrático.
Há algum tempo, ao término de um pleito já ficam evidentes as estratégias eleitorais dos partidos para o seguinte. Assim, inicia-se um processo de exposição e preservação dos futuros candidatos que, em alguma medida, estimula a adoção pelos atuais governantes de medidas populistas e eleitoreiras.
Desde 2010, quando a presidente Dilma Rousseff foi eleita, o discurso das lideranças e das legendas que a apoiaram é fundamentado na necessidade de "manutenção do arco de alianças da presidente". A pergunta que se faz é a seguinte: De quem é essa necessidade? Sem dúvida, antes de mais nada, a manutenção da parceria eleitoral é boa para quem está no poder. Além de garantir governabilidade, a permanência da unidade política que saiu das urnas facilita, em muito, a reeleição.
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PREJUÍZOS
Mas será mesmo que para o eleitor esse alinhamento automático é bom? É possível dizer que, do ponto vista administrativo, há prejuízos. Sem dúvida, uma administração menos comprometida com planos políticos futuros tem mais condição de movimentação, o que pode ser traduzido em benefícios para a população, e pode ficar menos preocupada com questões como visibilidade e desgastes.
Do ponto de vista político, pode não haver prejuízos imediatos para a população. Mas, certamente, há o risco da inibição do surgimento de novas alternativas eleitorais. A discussão que o PSDB faz neste momento sobre a candidatura à Presidência em 2014 mostra que a oposição à reeleição está praticamente definida. Portanto, o embate tucano e petista com os nomes de Aécio Neves e Dilma Rousseff já está posto.
Evidentemente podem ainda surgir vias eleitorais alternativas, mas com pouca chance, considerando que a fase pré-eleitoral foi antecipada.
O chamado custo político que ambos s partidos passam a pagar a partir desse ordenamento não é pequeno. Há exemplo para os dois lados. A presidente Dilma já está preocupado com o sucesso de seus programas considerados estratégicos. Eles serão blindados. A questão é saber se são estratégicos para o desenvolvimento do país ou para sua reeleição. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi a público dizer que Aécio Neves precisa assumir, cada vez mais, o papel de líder da oposição. Em seguida, empresas geradoras de energia dos Estados governados pelo PSDB recusaram assinar o acordo para redução da tarifa de energia. Isso é bom para quem?
08 de dezembro de 2012
Carla Kreefft
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