Gaúcha Forjas Taurus é a quarta maior empresa de armas no mercado americano
Forjas Taurus exporta para os Estados Unidos é busca crescer no mercado mundial (Clayton de Souza/AE)
Brasil também é o quarto maior exportador mundial de armas pequenas
Um em cada cinco revólveres comprados por americanos em 2012 veio da fabricante brasileira, que hoje vende mais nos EUA do que no próprio Brasil.
Essa rápida expansão no território americano é parte de uma estratégia maior da holding Taurus, que nos últimos anos vem adotando uma estratégia mais agressiva para ampliar exportações.
Segundo a diretora de relações com investidores, Doris Wilhelm, no topo da lista de destinos cobiçados pela empresa está África e América Central - segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as duas regiões do mundo com maior número de mortes por arma de fogo.
Doris afirma que os EUA são o maior mercado da Taurus e o único em que a esmagadora maioria das vendas é para pessoas, e não forças estatais de segurança pública e militar.
"Estamos falando de um mercado de consumo: civis americanos comprando armas como hobby, esporte, caça e defesa pessoal. A cultura americana é 'outro bicho'.
A Segunda Emenda (da Constituição) garante o direito de portar armas e defender sua propriedade."
A empresa brasileira tem uma fábrica no norte de Miami desde 1983. No ano passado, comprou por 10 milhões de dólares a Heritage Manufacturing, especializada em réplicas de armas do velho oeste, usadas em uma modalidade conhecida como "plinking" - tiro ao alvo com latinhas em locais abertos, ao clássico estilo cowboy do deserto.
O 'New York Times' afirmou na terça-feira que a Taurus seria uma possível compradora da fabricante do fuzil AR-15 Bushmaster, usado no massacre de Newtown. A companhia brasileira diz que a informação é "meramente especulativa".
Nos dois dias úteis após a tragédia, as ações da Taurus caíram cerca de 10%. Segundo analistas, o mercado "teme" a aprovação de restrições a esse comércio.
Mas, como as demais empresas do setor de armamento nos EUA, a Taurus acabou beneficiada pela crise econômica de 2008 e pela polarização política no governo Barack Obama. O motivo é psicológico: em meio à sensação de insegurança, americanos tradicionalmente compram mais armas.
O pânico após o furacão Katrina fez com que 2005 fosse o ano mais lucrativo às empresas do setor.
Segundo Matthias Nowak, pesquisador do centro Small Arms Survey (SAS), com sede na Suíça, o Brasil é desde 2001 o quarto maior exportador das chamadas "armas pequenas", categoria que abrange revólveres, pistolas, submetralhadoras, fuzis de assalto, entre outros.
O país é colocado atrás apenas de EUA, Itália e Alemanha e à frente da Rússia, maior herdeira da indústria bélica soviética.
Para analistas, são essas as "verdadeiras armas de destruição em massa" - as que mais provocaram mortes no mundo. Segundo o centro suíço, os últimos dados disponíveis são de 2009 e indicam que o Brasil exportou 382 milhões de dólares dessas armas.
Mas Nowak acredita que a cifra real seja muito maior e critica a falta de informações públicas.
23 de dezembro de 2012
Veja
(Com Estadão Conteúdo)
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