"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 23 de dezembro de 2012

UM EM CADA CINCO REVÓLVERES COMPRADOS NOS EUA VEM DO BRASIL

Gaúcha Forjas Taurus é a quarta maior empresa de armas no mercado americano

Armas de fogo
Forjas Taurus exporta para os Estados Unidos é busca crescer no mercado mundial (Clayton de Souza/AE)
Brasil também é o quarto maior exportador mundial de armas pequenas
    
O Brasil tem um papel cada vez mais importante no mercado de armas dos Estados Unidos: a marca gaúcha Forjas Taurus tornou-se a quarta maior distribuidora de armas no país da National Rifle Association, ao lado de gigantes como Smith&Wesson.
Um em cada cinco revólveres comprados por americanos em 2012 veio da fabricante brasileira, que hoje vende mais nos EUA do que no próprio Brasil.

Essa rápida expansão no território americano é parte de uma estratégia maior da holding Taurus, que nos últimos anos vem adotando uma estratégia mais agressiva para ampliar exportações.
Segundo a diretora de relações com investidores, Doris Wilhelm, no topo da lista de destinos cobiçados pela empresa está África e América Central - segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as duas regiões do mundo com maior número de mortes por arma de fogo.

Doris afirma que os EUA são o maior mercado da Taurus e o único em que a esmagadora maioria das vendas é para pessoas, e não forças estatais de segurança pública e militar.

"Estamos falando de um mercado de consumo: civis americanos comprando armas como hobby, esporte, caça e defesa pessoal. A cultura americana é 'outro bicho'.
A Segunda Emenda (da Constituição) garante o direito de portar armas e defender sua propriedade."

A empresa brasileira tem uma fábrica no norte de Miami desde 1983. No ano passado, comprou por 10 milhões de dólares a Heritage Manufacturing, especializada em réplicas de armas do velho oeste, usadas em uma modalidade conhecida como "plinking" - tiro ao alvo com latinhas em locais abertos, ao clássico estilo cowboy do deserto.

O 'New York Times' afirmou na terça-feira que a Taurus seria uma possível compradora da fabricante do fuzil AR-15 Bushmaster, usado no massacre de Newtown. A companhia brasileira diz que a informação é "meramente especulativa".
Nos dois dias úteis após a tragédia, as ações da Taurus caíram cerca de 10%. Segundo analistas, o mercado "teme" a aprovação de restrições a esse comércio.

Mas, como as demais empresas do setor de armamento nos EUA, a Taurus acabou beneficiada pela crise econômica de 2008 e pela polarização política no governo Barack Obama. O motivo é psicológico: em meio à sensação de insegurança, americanos tradicionalmente compram mais armas.

O pânico após o furacão Katrina fez com que 2005 fosse o ano mais lucrativo às empresas do setor.
Segundo Matthias Nowak, pesquisador do centro Small Arms Survey (SAS), com sede na Suíça, o Brasil é desde 2001 o quarto maior exportador das chamadas "armas pequenas", categoria que abrange revólveres, pistolas, submetralhadoras, fuzis de assalto, entre outros.

O país é colocado atrás apenas de EUA, Itália e Alemanha e à frente da Rússia, maior herdeira da indústria bélica soviética.

Para analistas, são essas as "verdadeiras armas de destruição em massa" - as que mais provocaram mortes no mundo. Segundo o centro suíço, os últimos dados disponíveis são de 2009 e indicam que o Brasil exportou 382 milhões de dólares dessas armas.
Mas Nowak acredita que a cifra real seja muito maior e critica a falta de informações públicas.

23 de dezembro de 2012
Veja
(Com Estadão Conteúdo)

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