"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 28 de junho de 2012

PRIMAVERA NO EGITO: NÃO ERA DEMOCRACIA QUE O OCIDENTE QUERIA?

O povo egípcio escolheu a Irmandade Muçulmana. Esta, fundada por Hasan al-Banna, foi fortemente influenciada por Sayyid Qutb (1906-19660). Não é preciso dizer mais nada.

Vejam quem foi Sayyid Qutb. Passou décadas (quase isso) trabalhando e estudando nos Estados Unidos, após ter sido preso em 1948 pelo rei Farouk (coincidência, 1948 foi o ano da criação do estado de Israel). Quando retornou ao Egito, chegou com um cabedal de intolerância em relação à moralmente corrompida civilização americana.

Foi um guia espiritual, tanto para a Irmandade, como também para a Al-Qaeda. Ninguém o superou nesse ministério.

Convidado para cargos públicos importantes pos Gamal Abdel Nasser, que pregava o socialismo, Qutb preferiu se manter fiel aos princípios islâmicos e à Sharia, que ele considerava tão sagrada a ponto de se deixar sacrificar por ela.

Ficou chocado com a degradação de costumes das mulheres americanas, com o sexo promíscuo, com a falta de pudor, considerando beijo na boca como uma tentação perigosa do ocidente. Voltou do exílio nos Estados Unidos como um radical islâmico (vejam “Novo Dicionário do Islão”, de Margarida Santos Lopes).

Eu havia dito aqui neste blog que o Ocidente (na verdade, EUA e Israel) ainda iria lamentar a queda de Mubarak. Aguardem que a roda ainda está girando.

Paulo Solon
29 de junho de 2012

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