"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 28 de junho de 2012

O EURO ACHATADO

Enquanto acompanhamos a bagunça envolvendo o euro, existe uma forte tendência de enxergar a situação como associada às desigualdades fundamentais na produtividade geral e no desenvolvimento econômico entre os membros da zona do euro – países atrasados e semidesenvolvidos como Grécia e Portugal (não é o que penso, mas é o que se diz) estranhamente ligados a potências como a Alemanha.

Assim, parece chocante observar os dados da Eurostat mostrando o PIB real per capita (ou a produtividade, que apresenta quadro semelhante). É verdade que Grécia e Portugal são relativamente pobres, apresentando PIB per capita de 82% e 71%, respectivamente, da média da UE; isto equivale a aproximadamente 76% e 71% da média da zona do euro, já que os países desta zona são em geral mais ricos do que a UE como um todo. Enquanto isso, o PIB per capita da Alemanha equivale a 120% da média da UE, ou 112% da zona do euro.

Mas esta situação não chega a ser diferente daquilo que ocorre nos Estados Unidos (procure em PIB per capita). O Alabama tem PIB per capita equivalente a 74% da média americana; o Mississippi, 67%; e os estados da Nova Inglaterra e da costa do Atlântico, 118% e 116%, respectivamente.
Em outras palavras, em se tratando de desigualdades econômicas subjacentes, a zona do euro não está em situação pior do que os EUA.

A principal diferença está no fato de pensarmos nos EUA como um país, aceitando normalmente medidas fiscais que transferem rotineiramente grandes somas para os estados mais pobres sem que isto se torne uma questão regional – na verdade, os estados que recebem ajuda costumam votar nos republicanos e acreditar na própria autossuficiência.

Mas o fato é que os americanos não se enxergaram sempre como um mesmo país. Antes da Guerra de Secessão, os habitantes falavam “nestes Estados Unidos”; foi somente após a guerra que o “nestes” se converteu em “nós”.

Assim, a chave para o sucesso da zona do dólar pode ser resumida em três palavras: William Tecumseh Sherman.

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NOTA DA REDAÇÃOWilliam Sherman foi militar, homem de negócios e escritor. Serviu como general durante a Guerra Civil (1861-1865). Recebeu reconhecimento como notável estrategista militar e críticas para a dureza da sua política contra os Estados Confederados. Foi um dos primeiros líderes militares a utilizar conscientemente a destruição da base econômica e da moral da população civil do oponente como meio principal de vencer o conflito, dentro dos princípios da guerra total.

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