Na cadeia VIP, sushis e charutos custariam uma fortuna, e parte do dinheiro roubado seria recuperada
As prisões cinco estrelas teriam suítes de luxo, todas com TV, mas onde só seriam exibidas minisséries, novelas e filmes; proibidos os programas jornalísticos, para que não possam acompanhar o que está se passando no mundo (e se inspirar para novos negócios). Jornais, computadores e celulares seriam proibidos e em matéria de imprensa, só a revista "Caras", para que eles vejam o que estão perdendo.
A diária seria cara, mas isso não seria problema, claro. Haveria muito conforto: sala de ginástica, churrascaria, um bistrot francês e um sushi bar. Eles teriam que passar o dia sós, dentro de seus aposentos - afinal, prisão é prisão-, mas a partir das 7 da noite poderiam se reunir para conversar e até jantar juntos; bebida alcoólica, liberada às visitas, só nos fins de semana. A vida dos detidos não seria ruim; eles teriam direito a quase tudo, menos à liberdade, mas esse quase tudo seria muito caro.
Cada coca-cola, cada sushi, cada camisa lavada e passada, cada charuto cubano, cada roupa de cama trocada custaria uma verdadeira fortuna, e assim parte do dinheiro ganho de maneira desonesta poderia ser recuperada; a única obrigação que teriam seria assistir a uma aula diária de Moral, para aprenderem o mais elementar: que roubar um banco ou o dinheiro do Estado é a mesma coisa, e que "dar uma tacada" ou "fazer um negócio" pode ser tão grave -ou mais- quanto assaltar uma pessoa na rua com um revólver na mão.
Os presidiários deverão trabalhar enquanto estiverem presos, e o estabelecimento seria administrado exatamente como qualquer empresa. O mais inteligente seria o presidente, e escolheria seus colaboradores: quem cuidaria da tesouraria, ou das relações públicas, e haveria sempre alguém para descolar um iPad ou uma garrafa de whisky; tudo pago em dinheiro, cash, e sem recibo, porque são essas manias de assinar cheques e dar recibos que acabam na Justiça.
As empresas ganhariam muito dinheiro administrando essas prisões; tanto, que não precisariam mais de contratos com o governo para construir pontes, estradas, estádios de futebol, trem-bala e aeroportos.
E assim, quem sabe, teríamos um país mais decente.
Paris 2 - Se você fizer uma comprinha na Cartier, seja uma pulseira de 300.000 euros ou algo mais importante, não pense que vai sair exibindo a sacolinha vermelha com o nome Cartier em dourado. É assim: a jóia é colocada na sacolinha vermelha, que por sua vez é colocada dentro de uma sacola branca, para que ninguém tenha a tentação de roubá-la. Chique, não?
Paris 3 - Para jantar na Maison du Caviar -950 euros as 100 gramas do beluga gros grains- é preciso reservar, pois a casa está sempre cheia, sobretudo de armênios e russos.
Paris 4 - Mas para quem não liga para caviar, Paris é o lugar. O preço dos restaurantes é quase ridículo, perto dos do Rio e de SP, e da qualidade, nem falemos.
13 de janeiro de 2013
Danuza Leão, Folha de São Paulo
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