O Fósforo
Pais, cheios de
preconceitos como sempre, podiam, até os dias anteriores a Marco Pólo, fazer
vista grossa sobre os deslizes de suas filhas.
Chamam-se deslizes, ninguém
ignora, certos senões de caráter que o são mais de corpo e que conduzem passo a
passo ao que o povo sabiamente denomina de Mau Passo.
No escuro anterior à
pólvora, era difícil o controle da natalidade, digo da fatalidade, que leva as
moças aos rapazes.
De modo que chegamos aos 2.000.000 de habitantes. Mas lá veio
o dia em que se juntou um paiol de pólvora ao tronco de uma árvore.
Daí saíram
milhões de fosforinhos. Fosforinhos esses que iluminaram tudo e mostraram aos
pais horrorizados o quanto sua linda filhinha já estava adiantada no ars
amandi. Frase essa que o leitor arguto saberá traduzir no devido
calão.
Vão Gôgo, 1949
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