"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 6 de janeiro de 2013

UE REAGE A DISCURSO DE ASSAD: "ÚNICA SOLUÇÃO É A RENÚNCIA".

Chefe de política externa do bloco afirma que europeus mantêm posição sobre o ditador. Para ministro britânico, promessas de Assad não enganam ninguém

Cartaz de Assad destruído em Alepo, Síria
                          Cartaz de Assad destruído em Alepo, Síria (Zain Karam/Reuters)

O discurso do ditador sírio Bashar Assad neste domingo foi mal recebido tanto pelos grupos rebeldes que lutam contra seu regime quanto na Europa.

A chefe da política externa da União Europeia afirmou nesta tarde que a única solução para o conflito sírio é a saída do ditador.
"Nós vamos analisar com cuidado se há algo de novo no discurso, mas mantemos nossa posição de que Assad tem que se afastar e permitir uma transição política", disse Catherine Ashton.

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Já o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, disse por meio de sua conta no Twitter que “as promessas vazias de reforma feitas por Assad não enganam a ninguém”. Ainda segundo ele, o sofrimento e repressão que tomam conta da Síria – lamentados por Assad em seu discurso – são provocados justamente pelo regime do ditador.

Os grupos de oposição na Síria também atacaram as afirmações do ditador. Segundo os rebeldes, o discurso de Assad tem como objetivo destruir os esforços para uma saída diplomática.

O discurso – Neste domingo, Assad falou à população pela primeira vez desde junho do ano passado. Na Casa de Ópera de Damasco, a capital do país, o ditador esteve diante de uma plateia de apoiadores que frequentemente interrompiam seu discurso com gritos de “Com sangue e suor nos sacrificaremos por você, oh Bashar”.

Ele lamentou o sofrimento dos sírios em meio a guerra civil que assola a região – a ONU estima que 60.000 pessoas tenham morrido durante o conflito – e pediu que cada cidadão defenda a Síria dos grupos rebeldes que tentam tirá-lo do poder.

Assad classificou os rebeldes como um bando de criminosos que são “inimigos da população e inimigos de Deus”. O ditador ainda afirmou que a oposição contra seu governo não é uma revolução. “Para tanto, seria preciso haver pessoas pensando e uma ideia na qual se baseassem”, afirmou. “É preciso um líder para uma revolução. Quem é o líder dessa revolução?”.

Ao convocar os sírios para ajudá-lo no combate aos rebeldes, Assad afirmou que a população não deve esperar por ajuda estrangeira. Segundo ele, uma intervenção internacional na Síria levaria o país ao desastre. O ditador disse ainda que os rebeldes são apenas marionetes do Ocidente – e que não negocia com os serviçais, mas com os chefes.

Nesse contexto, agradeceu o apoio da China, Rússia e Irã, que teriam se colocado contra a intervenção das nações ocidentais no país. O ditador acusou a rede terrorista internacional Al Qaeda de estar por trás das forças rebeldes e afirmou que seu governo não negociará com pessoas que possuem ideias terroristas.

O conflito - Contaminados pela energia da revolta que ficou conhecida como Primavera Árabe e já havia derrubado os ditadores da Tunísia e do Egito, os sírios saíram às ruas pela primeira vez em 15 de março de 2011 para protestar contra a tortura de estudantes acusados de criticar Bashar Assad, no poder há 12 anos. O Exército reprimiu o movimento, motivando novas manifestações. Mas à medida que os rebeldes ganham força, o regime aumenta sua violência contra eles.

 Após mais de cinco meses de levantamentos, pesquisadores das Nações Unidas cruzaram várias fontes de informação e chegaram a uma lista de 59.648 pessoas mortas entre 15 de março de 2011 e 30 de novembro de 2012.

Veja
(Com agência Reuters)

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