O verdadeiro embate ocorre de forma sutil, mas decisiva, entre os que defendem as instituições e os que obram persistentemente para destruí-las. A qualidade das instituições é que caracteriza o grau de desenvolvimento de um país.
O resto são palavras, discursos e declarações de princípios que, como estamos cansados de ver, na hora da verdade nada ou muito pouco valem.
Por acaso, não foram flagrados cometendo delitos justamente aqueles que se elegeram com o discurso histórico de combate à corrupção?
Os que se diziam amantes da democracia não são os mesmos que, agora, propõem o “controle social” da imprensa, como se não fosse uma piada um regime democrático com uma imprensa manietada?
Se, ao final de um ano marcado por denúncias e casos de corrupção, os brasileiros, paradoxalmente, sentem-se otimistas, é porque, de forma inédita, altas figuras da República foram levadas a julgamento.
Tal fato somente se tornou possível pela existência de algumas instituições fundamentais: liberdade de imprensa, independência e vitaliciedade dos integrantes do Ministério Público e do STF.
Não fosse a imprensa ter cumprido seu papel fiscalizador, nada teria vindo a público. Não fosse a independência e vitaliciedade dos procuradores do Ministério Público e dos ministros do STF, dificilmente a acusação e os julgamentos teriam ido tão longe na persecução e condenação dos envolvidos.
Sintomaticamente, no Brasil, na Argentina e na Venezuela, apenas para citar três exemplos, estas instituições vêm sendo duramente atacadas, como se devessem também elas se submeter à vontade tirânica do Poder Executivo e de suas maiorias parlamentares espuriamente formadas.
Qual o papel da sociedade diante de um Poder Executivo cada vez mais hipertrofiado? Mobilizar-se para fortalecer as instituições que oferecem resistência a este mesmo poder avassalador.
Mais do que de políticos e de seus discursos, por vezes levianos, cínicos ou francamente mentirosos, a maturidade e a liberdade de um país dependem da estabilidade e qualidade das suas instituições que oferecem freios e contrapesos aos poderes governamentais.
E também de uma sociedade permanentemente vigilante, que não se limita a exercer sua cidadania à data da eleição.
06 de janeiro de 2013
Sergio Lewin
Fonte: Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário