"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 6 de janeiro de 2013

A INFÂMIA PETISTA

   
          Artigos - Governo do PT 
A infâmia não é percebida de imediato, mas lá fora o Brasil desceu alguns degraus na escala moral. Somos já motivo de piada, de escárnio e deboche. Merecemos isso.

A infâmia não é coisa que se apanhe de imediato, no momento em que ela nasce ou é criada. É preciso alguns anos para que se sedimente na consciência do povo que algo vergonhoso, inenarrável, que antes jamais foi concebido, torne-se real aos olhos de todos.

O nome dessa infâmia é Partido dos Trabalhadores, como vimos agora na posse de José Genoíno, um condenado à cadeia que assume sua vaga na Câmara dos Deputados. Eu bem poderia dizer que infame é a Câmara, mas isso seria fazer o jogo daqueles que, precisamente tentam fechá-la, e antes disso, desmoralizá-la com a posse de um condenado.

Aos olhos das pessoas que enxergam a diferença entre o legal, e o moral ou ético, a posse de José Genoíno é um ultraje ao poder legislativo, transformado nesse ato em apêndice da vontade da governança petista ajudada pelos lacaios de sempre.

Seria querer demais que os parlamentares dessa Câmara ultrajada evitassem o gesto desafiador e malicioso da grei petista, porquanto ela mesma, Câmara dos Deputados, se transformou em joguete, em fantoche de um governo pré-totalitário e fascista como é o governo Dilma Rousseff. O Senado Federal não foge a esse desgoverno.

Muito menos esperaríamos ver do próprio José Genoíno algo virtuoso, uma ação elevada, como o que esperava dele, acreditem, o ex-governador Olívio Dutra que, nos jornais disse que esperava mais ética com a renúncia do condenado quadrilheiro ao seu mandato.


O mesmo se pode dizer dos demais deputados que, envergonhados alguns, ostensivos outros em suas manifestações de apoio à posse vergonhosa, se comportaram de maneira nada digna, nada ética, preferindo a desonra, e mais tarde a infâmia, a lhes pesar e sujar suas histórias pessoais.

E o povo? O povo a tudo assiste de boca aberta, uns porque não entendem o que se passou, outros porque apóiam o gesto de desafio e de desobediência de alguém que ainda tem coragem de jurar por uma Constituição que não soube respeitar.


Por isso, esse momento passará inadvertido à maioria do povo brasileiro, cuja consciência do que acontece ainda o levará a reeleger Lula ou Dilma Rousseff. A infâmia não é percebida de imediato, mas lá fora o Brasil desceu alguns degraus na escala moral. Somos já motivo de piada, de escárnio e deboche. Merecemos isso.

Extremos de deboche como esse levam alguns a imaginar alternativas de ação anti-desmanche das instituições. Já se sabe que a democracia não protege a sociedade do voluntarismo totalitário, pelo contrário, este se alimenta dela, bastando para tal que um demagogo inteligente conduza o povo à ruína totalitária.


Nesse nível de comprometimento da ação societária legal a única via é a ilegalidade – e a derrubada de um governo totalitário passa a ser uma missão humanista e virtuosa. A ação apolítica, no sentido clássico, passa a ser a última alternativa antes da escravidão total. Será que teremos que chegar a tal ponto?

06 de janeiro de 2013
Escrito por Carlos Reis

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