"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A AÇÃO CORROSIVA DA CONTRACULTURA DOS ANOS 60 DO SÉCULO PASSADO: O COMEÇO DO FIM DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL




Numa noite de agosto de 2011 navegando pelo YouTube encontrei este vídeo com uma apresentação especial de Anita O'Day, célebre cantora de jazz americana.
Ela canta duas músicas que são consagrados standards do jazz: Sweet Georgia Brown e Tea for Two em dois arranjos onde ela mostra o completo domínio da voz e dá um passeio nos improvisos dialogando intensamente com o trio de piano, baixo e bateria que a acompanha. Um prato cheio para quem, como eu, é aficcionado por música, especialmente o jazz.

Depois de ver e ouvir o show meu cérebro me avisou que tinha em mãos um precioso material para uma análise sobre o efeito do movimento contracultural que explodiria alguns anos depois e moldaria o mundo no século XXI, portanto quase meio século adiante.

O vídeo retrata o Festival de Jazz de Newport, nos Estados Unidos, em julho ou agosto de 1957. Mesmo para quem não aprecia o jazz, recomendo que dê uma olhada no vídeo para ver o comportamento da platéia que reflete o ambiente social dessa época.

Meu cérebro não me enganou. Vi que poderia fazer uma comparação entre o ambiente social de 1957 com o que vivemos agora no início da segunda década do século XXI. Afinal, 50 anos na história não é nada.
É muito para os humanos que medem o fluir do tempo com base em sua existência que é efemera. De posse do insight fica fácil, pelo menos para mim, discorrer sobre qualquer assunto. E foi assim que escrevi este texto de forma ligeira, de um só fôlego, como segue:

O Festival de Jazz de Newport é um evento ocorre no auge do verão do hemisfério norte, ao ar livre. O público é grande, porém ordeiro e concentrado no espetáculo. O ambiente, diria, é familiar. Há jovens pais mimando seus bebês no embalo sincopado da música. As pessoas se comportam com elegância e educação; estão bem vestidas, num clima de absoluta paz. Trata-se, portanto, de algo muito diferente o que ocorre neste século XXI em shows ao ar livre.

Esse tipo sociedade que prezava os valores da educação, os bons modos, a elegância e o glamour que permitiu o extraordinário progresso dos Estados Unidos que contaminou positivamente todo o mundo ocidental.Entretanto, já estava nessa época - o final dos anos 50 - o Ocidente já estava à beira do precipício com o aparecimento da contracultura que originou o movimento hippie, o culto às drogas e à anarquia social e política.

Reparem que em certo momento a câmera flagra um tipo que destoa da maioria, usando barba e chapéu, tragando a fumaça de um cigarro, com aquele olhar de estúpida maldade... Eles já começavam a aparecer.
Woodstock: marco da contracultura
Uns cinco ou seis anos depois dessa memorável apresentação de Anita O'Day o mundo já não seria mais o mesmo.

O glamour, a educação e o respeito à lei e à ordem já começavam a ser estraçalhados. No lugar do uso do chapéu e luvas mesmo num show ao ar livre, começou-se a ver hippies imundos e drogados em festivais como o emblemático Woodstock, realizado em agosto de 1969 nos Estados Unidos. Comparem os dois ambientes com base no vídeo e nesta foto de Woodstock.

Foi no embalo do movimento também chamado de underground, que surgiram os primeiros fundamentos do pensamento politicamente correto. A partir daí o mundo mudou. E mudou para pior, pois nessa guerra de valores venceram os vagabundos, os vadios, os imundos, os drogados, os falsos pacificistas que se contrapunham à cultura ocidental e, de forma especial, à ética do trabalho. E tem mais: essa gente constituía um bando de anti-higiênicos e, quem sabe, provavelmente foram os vetores do virus da AIDS.

No âmbito político se perfilavam em torno de promessas socialistas, comunistas e assemelhadas. O pacifismo por eles entoado acabou edulcorando regimes ditatoriais odiosos, como o cubano, tanto é que foi naquela época que a foto de Che Guevara começou a estampar as camisetas dos hippies.

O estrago causado por essa guinada anárquica da sociedade ocidental foi tão grande que chegou a destruir inclusive a produção cultural de bom gosto e alto nível, seja na música, nas artes plásticas, na literatura, enfim, em todos os setores artísticos. Sem falar no fato de que o movimento contracultural contaminou seriamente as universidades imprimindo nelas o viés ideológico anarco-esquerdista.

Depois de cerca de meio século da eclosão desse movimento tem-se aí o resultado: a destruição da família e o aumento inaudito da violência que campeia em todas as regiões do planeta. O que poderia parecer moderno e avançado nos anos 60 do século passado, tipificado pelo slogan Make Love, Not War, resultou nesse ambiente que caracteriza o século XXI, onde os cidadãos vivem numa verdadeira roleta russa e só podem contar com a sorte para sobreviver ante o assédio permanente e impune dos bandidos.

A reflexão que faço tomando por base um documentário de um concerto de jazz de 1957 do século passado não se trata de nostalgia, sentimento que reputo como dos mais cretinos, haja vista para o fato de que não tem qualquer sentido.

Estou apanhando uma cena do passado como paradigma para examinar o presente. A constatação resulta inelutável. Verifica-se que houve uma degeneração dos hábitos e costumes, ou seja, um apodrecimento do tecido social, que se vai esgarçando ainda mais pela ação corrosiva do pensamento politicamente correto que considero o maior flagelo deste século.

Não se trata de pregar o retorno ao passado; trata-se de de corrigir o presente no sentido de se preservar os principais valores da civilização ocidental da qual são fundamentos a democracia e a liberdade.
 
07 de fevereiro de 2013
in aluizio amorim

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