"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

MAIS DE 50 PAÍSES TERIAM PARTICIPADO DE ESQUEMA GLOBAL DE INTERROGATÓRIO DA CIA

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Programa de rendição extraordinária dos EUA enviava presos a países como Síria e Líbano (Reprodução/ AP)


Publicação do Open Society Foundations oferece o 1º relato do programa de terceirização de interrogatórios dos EUA

O programa de contraterrorismo dos EUA conhecido como “rendição extraordinária”, em que suspeitos de terrorismo eram discretamente enviados para prisões secretas no exterior e muitas vezes torturados, envolveu a participação de mais de 50 nações, de acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira, 5, pela Open Society Foundations (OSF), instituto humanitário fundado pelo investidor e filantropo americano George Soros.
 
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O documento da OSF, que oferece o primeiro relato detalhado sobre o programa de terceirização de interrogatórios que envolviam, por vezes, técnicas consideradas como tortura pelas leis internacionais, coloca o número de governos que abrigaram as chamadas "prisões negras" (black sites) da CIA, onde interrogaram ou torturaram prisioneiros enviados pelos EUA, em 54.
O relatório também identifica pelo nome 136 presos que foram sujeitos à rendição extraordinária em diversos países após serem capturados pelos EUA.

Programa de rendição extraordinária dos EUA enviava presos a países como Síria e Líbano (Reprodução/ AP)
 
O número de nações que participaram do programa e os nomes dos detidos fornecem um registro macabro de um programa que foi amplamente expandido – de forma imprudente, segundo os críticos – pela administração George W. Bush após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
 
Embora autoridades do governo Bush disseram que nunca enviaram intencionalmente suspeitos de terrorismo para o exterior para que fossem torturados, os países para onde os prisioneiros eram levados – Egito, Líbia e Síria, entre outros – são conhecidos por utilizar técnicas de interrogatório coercitivas.
 
As trapalhadas de Bush
 
A rendição extraordinária também foi um fator em um dos maiores erros de inteligência da era Bush. Ibn al-Shaykh al-Libi, um líbio da Al Qaeda que estava detido no Paquistão no final de 2001, foi enviado pelos EUA para o Egito.

Lá, sob ameaça de tortura, ele alegou que Saddam Hussein tinha treinado integrantes da Al Qaeda a usar armas químicas e biológicas. Mais tarde, ele retirou esta afirmação, mas não antes de os EUA invadirem o Iraque em busca de armas químicas e biológicas, em parte, com base no seu falso depoimento.
 
Quando Barack Obama assumiu a presidência dos EUA em janeiro de 2009, ele prometeu acabar com a prática de tortura do governo e emitiu uma ordem executiva para fechar as prisões secretas da CIA ao redor do mundo.
 
Mas Obama não acabou totalmente com a prática de enviar detentos para países com leis frouxas, permitindo que os EUA continuassem a contornar suas obrigações legais e de direitos humanos no que diz respeito a suspeitos de terrorismo.
Em vez disso, o governo disse que estava contando com as "garantias diplomáticas" dos países que recebem suspeitos de terrorismo de que eles não torturam presos enviados pelos EUA em regime de prisão preventiva.
 
06 de fevereiro de 2013


 

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