"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 10 de fevereiro de 2013

"A MÁGICA DOS BATEDORES DE CARTEIRA ACABOU. A FARSA MOSTRA OS DENTES"

 

Havia uma herança, qualificada de maldita pelos asseclas dos corruptos que transformaram um país real em uma ilusão de circo.

Esta herança permitiu que embriagados governantes e mentirosas coléricas assumissem o comando do Brasil, E fossem mitificados. Como se tivessem participado de construções que sequer os admitiriam como auxiliares de pedreiro.

Como vulgares batedores de carteira, proclamaram-se donos do que roubaram. E tentaram mais: roubar a história.

Distribuiram cargos a incompetentes. Bastava que fossem fiéis ao comando da quadrilha. Ressuscitaram cadáveres que sepultamos em cova rasa. Uniram-se à podridão, a tal ponto que não conseguimos mais distinguir a lama do esgoto. São uma coisa só.

É caso de festejar o que está por vir? O retorno da inflação, o perverso imposto que sufoca a todos?
Não creio. Não quero. Não desejo.

Mas parece-me inevitável. Nada do que se disse, expôs e cobrou foi levado em conta. Os ignorantes orgulhosos preferiram debitar as críticas na conta de sempre: só discordam do governo iluminado os que sempre são do contra.

Reclamar do inchaço da máquina administrativa?
Da ineficiência derivada da falta de planejamento?
Da corrupção que multiplica por dois o valor de qualquer obra?
Dos companheiros que nunca souberam administrar sequer uma loja de R$ 1,99?
Da ingerência absurda do Estado na economia, só chamando a odiada (por eles) iniciativa privada quando não há mais conserto nem recurso?
Valeu trocar “privatização” por “desestatização”, como agora se lê?

A fórmula de FHC não era poção mágica. Era caminho, direção. Eles nunca entenderam isto. Os ignorantes que nada sabem fingem saber de tudo.

A Petrobras arrasada por Gabrielli e Lula. O BNDES reduzido a agência de socorro para amigos do governo. Fundos de pensões estatais aplicam mal e porcamente o dinheiro dos associados.

E assim se cria uma ilusão. Guido Mantega, como Cristina Kirchner, já é uma piada internacional.
A credibilidade que o Brasil conseguiu ─ a duras penas ─ no governo FHC e foi mantida por Henrique Meireles (tucano, nunca aceito pelos geniais economistas do PT!) está perdida.

A nós resta a certeza de que virão dias difíceis. A mágica acabou. A farsa mostra os dentes.
Restará uma herança. Esta sim, maldita.

Na era da mediocridade, perdemos o que ganhamos.

A dignidade, a ética, a supremacia da verdade, o respeito ao estado de direito e à diversidade de ideias, isso já estava perdido.
Perderemos a última construção de governos anteriores.
Eles não se importam. Nunca se importaram com nada que não fosse elogio ou histérica idolatria.
O que vai sobrar?

Sem oposição, sem crítica e sem quem nos represente, resta observar o covil dos lulopetistas destruindo com as patas sujas o que nunca conseguiram entender.
E que nós, mais uma vez, teremos que reconstruir.
Resta saber com quem.

10 de fevereiro de 2013
REYNALDO ROCHA

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