Mais uma vez, o Governo Federal promove um aumento no Bolsa Família alegando que pretende “tirar da miséria” tantos milhões de brasileiros.
O discurso não é novo e nem tampouco verdadeiro. Pesquisas realizadas pelo próprio governo, através do IBGE, demonstram que o número de miseráveis é bem inferior aos apregoados como “libertos” da miséria. Além disso, a tal “liberdade” oferecida pelo programa (como hoje está) nada mais é do que uma escravidão mal disfarçada e um fortíssimo cabresto eleitoral.
Basta dizer que a tal “libertação” da miséria se da numa simples canetada. Pois, como levar a sério dados sociais que apregoam ser “Classe Média” a faixa de população que tem como renda R$270,00 mensais?
Da mesma forma, “retiram-se” milhões da miséria arbitrando uma “renda ideal” de R$70,00 para suas necessidades básicas. O que, sabemos muito bem, é algo completamente inverossímil.
Mais uma vez, digo e repito que não sou contra o programa. Sua concepção original era realmente magistral e libertadora: Levar meios de desenvolvimento as áreas miseráveis, fornecer educação e capacitação aos habitantes locais e incentivar o empreendedorismo – com participação ativa do BNDES e do Banco do Brasil – bem como assegurar suporte técnico aos participantes do programa que mergulhassem em empreendimentos pessoais.
Mas, essas ações têm um preço. Muito mais do que o custo econômico, elas teriam um horrível custo político; realmente libertos da miséria e confrontados com uma nova realidade de autonomia, ganhos sustentáveis e a abertura do conhecimento; os beneficiários acabariam usando a cabeça para pensar e passariam a escolher melhor “seus representantes” na política.
Desta forma, ficaria muito difícil a um político vender a ideia de ser honesto tendo milhares de processos “nas costas” ou de que pretendia “fazer o melhor” pela população local, jamais tendo feito algo em mandatos anteriores.
Para os exploradores da miséria isso seria a “morte certa” de suas aspirações a continuar mamando nas tetas públicas e poderia significar o fim de muitas mamatas altamente rentáveis.
Portanto, preferiram manter o Bolsa Família como está hoje: um mero repasse de dinheiro, acompanhado de muita propaganda e de poucas realizações duradouras.
Afinal de contas, se você apenas repassa recursos “a fundo perdido” eles nada produzem e, quando suspensos por algum motivo, catapultam os beneficiários imediatamente para a mesma situação de miséria de antes; já que as causas dessa miséria jamais foram corrigidas ou sequer tocadas.
Desta forma, através do terror provocado pela chantagem da suspensão do benefício salvador, se garante uma massa votante fiel e cordeira. Exatamente por isso, o governo sempre aumenta o alcance desses benefícios com a singela desculpa do combate a miséria. A coisa perdurará até que o Tesouro Nacional, exaurido, seja incapaz de arcar com a enorme despesa que apenas cresce e jamais termina.
A coisa funciona como uma dose errada de antibióticos. Você toma o remédio, mas como a dose está errada você apenas mascara os sintomas. No futuro, quando você mesmo espera, se descobre ainda doente; com os sintomas agravados e, muitas vezes, a beira da morte.
A verdade é tão difícil de esconder que bastou um acompanhamento mais próximo dos beneficiários (especialmente nos rincões de maior pobreza) que se constatou a dura realidade de muitas famílias abandonarem seus trabalhos anteriores apenas para viverem do Bolsa Família e de pequenos bicos.
Em cidades do interior do Nordeste, do Maranhão e em outros estados, a economia agrícola local praticamente acabou pela falta de mão de obra disposta a trabalhar e o mesmo acontece com pequenos negócios. Há enorme oferta de vagas de baixa qualificação, enorme quantidade de desempregados, mas poucos querem assumir um emprego formal com medo de perderem o benefício.
Em recente reportagem que percorreu esses rincões e conviveu com algumas famílias assistidas, todas bradaram que a “vida melhorou”. Mas, pequenos detalhes ficaram patentes e colocam “em xeque” essa melhoria. Em todas as casas visitadas, faltava comida, esgoto e condições mínimas de saúde.
Crianças repletas de vermes, defecando e urinando no chão dos casebres; pais ociosos que abandonaram seus empregos e passam o dia no bar, chegando em casa completamente bêbados; geladeiras vazias em seu interior mais repletas de adesivos do partido governista e de promessas de “voto eterno” ao salvador da pátria que lhes conferiu a “libertação” da miséria.
Qualquer organismo sério, dirá que o combate à pobreza e a miséria tem de ser feito como foi na Ásia, no México e em muitos outros países; nesses lugares as pessoas se libertaram dessas péssimas condições de vida através do aumento de renda provocado pelo próprio trabalho (apoiadas por ações de governo) e não com esmolas.
O próprio banco Mundial já disse que o Bolsa Família não liberta ninguém da miséria e que precisa de uma reformulação para tornar os ganhos obtidos perenes e não sujeitos ao humor da corrente que governa o país ou as condições de saúde do Tesouro Público.
Infelizmente, até que nossos políticos se tornem estadistas e nosso povo deixe de ser alienado, compreendendo que dignidade e honestidade são elementos fundamentais na vida humana; continuarão existindo aproveitadores da miséria alheia e falsos “amigos dos pobres” ou “salvadores da pátria” dispostos apenas a nos manter escravos do obscurantismo, da ignorância e da dependência de seus próprios desejos de poder e riqueza.
Pense nisso.
21 de fevereiro de 2013
visão panorâmica
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