"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

DENUNCIADO POR 3 CRIMES, RENAN VOLTA À PRESIDÊNCIA DO SENADO LULISTA

 
Com 56 votos, Renan Calheiros é eleito presidente do Senado
 
Denunciado pela Procuradoria-Geral da República por três crimes, Renan Calheiros (PMDB-AL) é o novo presidente do Senado. Foi eleito na manhã desta sexta-feira (1º) em votação secreta por seus pares, com 56 votos.

O outro candidato foi o senador Pedro Taques (PDT-MT), que recebeu 18 votos. Dois senadores votaram em branco e dois, nulo.

Taques havia recebido apoio público de bancadas de oposição como a do PSDB e a do DEM, e da governista do PSB. Mas as promessas de manutenção de cargos na Mesa Diretora falaram mais alto.

Os crimes que o Ministério Público Federal atribui a Renan levaram ele a renunciar à presidência do Senado, cargo que ocupava desde 2005, em 2007

Lula Marques - 31.jan.2013/Folhapress
Senador Renan Calheiros em reunião do PMDB no Senado Federal

Senadores de oposição criticaram a manutenção da candidatura de Renan, mas já consideravam sua eleição uma inevitabilidade.

Como disse Álvaro Dias (PSDB-PR), não havia fatos novos para o "público interno" --governo e Senado.

Em entrevista ontem à Folha, Renan disse estar confortável em assumir a presidência do Senado mesmo sob suspeita, por considerar que a ação da procuradoria era motivada politicamente.

A denúncia do procurador-geral, Roberto Gurgel, ocorreu na semana passada, e hoje cedo a revista "Época" divulgou o teor da acusação: falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato.

O senador é acusado de pagar despesas pessoais com dinheiro de Cláudio Gontijo, que trabalha para a empreiteira Mendes Júnior.

Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos, Renan apresentou documentos e afirmou que tinha ganhos com a venda de gado. O senador pagava uma pensão mensal à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.

A denúncia também aponta o peculato decorrente do desvio da verba indenizatória do Senado. Renan, diz a procuradoria, desviou recursos da Casa para uma locadora de carros que pertence a um laranja do senador.

SILÊNCIO

Em seu discurso, Taques disse que a eleição de Renan acontece em meio ao "silêncio dos covardes". A declaração foi dada ao final de sua fala, quando houve um momento de breve silêncio.

"Eu peço o voto de cada senador. Peço silêncio aos senhores. Ouçam esse silêncio. Esse silêncio é o silêncio do covarde. É o silêncio de quem tem medo. Sintam esse silêncio. Esse é o silêncio de quem aceita, de quem não resiste. Expresso a vossa excelência, senador Renan Calheiros, meus respeitos pessoais", afirmou o senador.

Já Renan, em seu discurso como candidato, deu um recado aos chamados "independentes" ao dizer que a ética é uma "obrigação de todos nós".

"A ética não é objetivo em si mesmo. O objetivo em si mesmo é o Brasil, o interesse nacional. A ética é meio, não é fim. É obrigação de todos nós, responsabilidade de todos nós e dever desse Senado Federal", afirmou. Em sua fala, Renan evitou comentar a denúncia da procuradoria

01 de fevereiro de 2013
GABRIELA GUERREIRO. ANDREZA MATAIS e ERICH DECAT - Folha Online

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