Senado deve eleger Renan nesta sexta, um presidente à sua altura. Mais de cinco anos depois de renunciar à cadeira de presidente do Senado para escapar da cassação, Renan Calheiros deverá voltar ao cargo nesta sexta-feira
A menos que uma reviravolta histórica aconteça na manhã desta sexta-feira sob os carpetes azuis do Congresso Nacional, o Senado elegerá o alagoano Renan Calheiros, do PMDB, para presidir a Casa nos próximos dois anos. Confirmada a eleição, que deverá ocorrer com margem folgada de votos, o Senado terá, novamente, um presidente à altura de sua imagem depreciada.
Aos 57 anos, Renan reúne como poucos características que mancham a Casa há décadas: fisiologismo, uma gama de denúncias, processos na Justiça e extenso currículo de deslizes éticos.
Infográfico:
Na Rede de Escândalos, os - muitos - rolos de Renan Calheiros
Com o respaldo do Palácio do Planalto, que optou por manter-se alheio à disputa para não criar atrito com o PMDB no ano que antecede a eleição presidencial, Renan reassumirá a cadeira que ocupou até 2007, quando negociou a renúncia ao cargo em troca da manutenção do seu mandato, enxovalhado por cinco processos de cassação de mandato. Na época, o espiral de denúncias contra ele começou com a revelação feita pela jornalista Mônica Veloso à VEJA de que o dinheiro usado para pagar a pensão alimentícia de sua filha com o senador saía do caixa da empreiteira Mendes Júnior. Ao entregar o cargo, Renan escapou de punições.
Mais de cinco anos depois, o peemedebista voltará ao posto nesta sexta-feira de onde costuma dizer, nos bastidores, "que nunca deveria ter saído". Na bancada do seu partido, ganhou o apelido de "Mandacaru", pela fama de "cascudo" e a capacidade de resistir às adversidades. Não resta dúvida de que a coroação de Renan Calheiros é também é uma importante vitória pessoal.
Ele se refez – sempre a seu modo, com cargos e negociatas – desde que foi arrastado por denúncias e caiu da presidência da Casa em 2007. Enfrentou denúncias de lobby em favor da cervejaria Schincariol, ter rádios em nome de laranjas, cobrança de propina em ministérios controlados pelo PMDB e espionagem de adversários políticos.
Pelo que o próprio Renan classifica como “circunstâncias políticas”, a eleição para a presidência do Senado nesta sexta-feira caminha para um conveniente “esquecimento” do passado. A biografia de Renan, incluindo a farta documentação do escândalo de 2007, não é desconhecida por nenhum dos senadores que decidirão se ele pode ou não ser alçado novamente ao comando do Congresso, o terceiro cargo mais importante na hierarquia da República.
Nos corredores do Senado, há até quem se disponha a dar ares de normalidade ao rosário de denúncias. O presidente do PMDB Valdir Raupp, por exemplo, afirma que enfrentar processos é “muito comum” entre autoridades.
Processo - É possível que o futuro presidente do Senado amargue pela maior parte de sua gestão o status de réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Renan foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de ter falsificado notas fiscais para justificar sua evolução patrimonial. O processo corre em segredo de Justiça.
Renan: símbolo de um Senado despreocupado com a opinião pública (Minervino Junior/Agência BG Press)
A menos que uma reviravolta histórica aconteça na manhã desta sexta-feira sob os carpetes azuis do Congresso Nacional, o Senado elegerá o alagoano Renan Calheiros, do PMDB, para presidir a Casa nos próximos dois anos. Confirmada a eleição, que deverá ocorrer com margem folgada de votos, o Senado terá, novamente, um presidente à altura de sua imagem depreciada.
Aos 57 anos, Renan reúne como poucos características que mancham a Casa há décadas: fisiologismo, uma gama de denúncias, processos na Justiça e extenso currículo de deslizes éticos.
Infográfico:
Na Rede de Escândalos, os - muitos - rolos de Renan Calheiros
Com o respaldo do Palácio do Planalto, que optou por manter-se alheio à disputa para não criar atrito com o PMDB no ano que antecede a eleição presidencial, Renan reassumirá a cadeira que ocupou até 2007, quando negociou a renúncia ao cargo em troca da manutenção do seu mandato, enxovalhado por cinco processos de cassação de mandato. Na época, o espiral de denúncias contra ele começou com a revelação feita pela jornalista Mônica Veloso à VEJA de que o dinheiro usado para pagar a pensão alimentícia de sua filha com o senador saía do caixa da empreiteira Mendes Júnior. Ao entregar o cargo, Renan escapou de punições.
Mais de cinco anos depois, o peemedebista voltará ao posto nesta sexta-feira de onde costuma dizer, nos bastidores, "que nunca deveria ter saído". Na bancada do seu partido, ganhou o apelido de "Mandacaru", pela fama de "cascudo" e a capacidade de resistir às adversidades. Não resta dúvida de que a coroação de Renan Calheiros é também é uma importante vitória pessoal.
Ele se refez – sempre a seu modo, com cargos e negociatas – desde que foi arrastado por denúncias e caiu da presidência da Casa em 2007. Enfrentou denúncias de lobby em favor da cervejaria Schincariol, ter rádios em nome de laranjas, cobrança de propina em ministérios controlados pelo PMDB e espionagem de adversários políticos.
Pelo que o próprio Renan classifica como “circunstâncias políticas”, a eleição para a presidência do Senado nesta sexta-feira caminha para um conveniente “esquecimento” do passado. A biografia de Renan, incluindo a farta documentação do escândalo de 2007, não é desconhecida por nenhum dos senadores que decidirão se ele pode ou não ser alçado novamente ao comando do Congresso, o terceiro cargo mais importante na hierarquia da República.
Nos corredores do Senado, há até quem se disponha a dar ares de normalidade ao rosário de denúncias. O presidente do PMDB Valdir Raupp, por exemplo, afirma que enfrentar processos é “muito comum” entre autoridades.
Desde que foi abatido, Renan viu seus algozes de primeira hora perderem a relevância: a língua afiada do gaúcho Pedro Simon já não reverbera tanto pelos corredores; Arthur Virgílio não conseguiu voltar à Casa em 2010 - no ano passado, foi eleito prefeito de Manaus; e Demóstenes Torres deixou o Senado defenestrado.
Rivais - Nem o mais otimista opositor a Renan acredita em uma vitória do candidato alternativo, o novato Pedro Taques, do PDT, que concorrerá com o apoio da oposição e de parlamentares chamados "independentes".
Sequeros 11 votos dos tucanos são considerados certos na chapa de Taques já que a votação é secreta.
Discretamente, o DEM chegou a negociar o apoio a Renan sem grandes crises de consciência e em troca de um provável cargo entre os que administrarão a Casa. Acuado, anunciou na noite desta quinta-feira que agora rejeita a candidatura do peemedebista. Pelos cálculos de aliados de Taques, se não não houver traições, ele terá 25 dos 81 votos.
Processo - É possível que o futuro presidente do Senado amargue pela maior parte de sua gestão o status de réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Renan foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de ter falsificado notas fiscais para justificar sua evolução patrimonial. O processo corre em segredo de Justiça.
Alheio às pressões da sociedade – nem mesmo uma petição que ultrapassa 250.000 assinaturas contra Renan é capaz de sensibilizar os congressistas –, o Senado não emite nenhuma perspectiva de mudança. Além disso, nas eleições do ano que vem, apenas um terço das cadeiras estarão em jogo, já que o restante foi eleito em 2010 para um mandato de oito anos. Não há risco de melhorar.
01 de fevereiro de 2013
Laryssa Borges, Veja Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário