Dirceu defende Renan e diz que senador é alvo de 'ofensiva midiática'. Ex-ministro afirmou que está em curso uma ‘campanha moralista e udenista’ para tentar ‘dividir a base de apoio do governo
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu (PT) defendeu na quinta-feira, em seu blog, a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado. Dirceu afirmou que Renan é alvo de uma "ofensiva midiática" respaldada pelo Ministério Público Federal e comparou as denúncias apresentadas contra o senador peemedebista ao golpe militar que impôs a ditadura no país.
Nesta sexta-feira, a Revista ‘Época’ revelou que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o senador ao Supremo Tribunal Federal (STF) por peculato (desvio de dinheiro público, 2 a 12 anos de cadeia), falsidade ideológica (1 a 5 anos) e uso de documento falso (2 a 6 anos). O conteúdo da denúncia ainda não havia sido divulgado.
Dirceu defendeu ainda a candidatura de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) à presidência da Câmara, também alvo de denúncias de corrupção. Em seu blog, Dirceu afirmou que está em curso uma "campanha moralista e udenista" para tentar "dividir a base de apoio do governo".
"A mesma campanha falso-moralista que levou o presidente Jânio Quadros ao Planalto (1960) porque ia ‘varrer a corrupção'; os militares ao poder porque eles ‘combatiam a corrupção e a subversão’; e depois elegeu o presidente Fernando Collor, o caçador de marajás...", escreveu o petista no texto.
Para o ex-ministro, a "ofensiva midiática" tem dado cobertura a denúncias contra Renan, "concertadas com ações do Ministério Público Federal (MPF) e com intervenções de grupos organizados". Renan renunciou à presidência do Senado, em 2007, depois que foram divulgadas denúncias de que um lobista pagava despesas pessoais do senador.
O peemedebista foi denunciado na semana passada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por supostamente ter usado notas frias para defender-se das acusações feitas em 2007. Segundo Gurgel, Renan teria apresentado notas fiscais frias relacionadas com a venda de bois para comprovar rendimentos que teriam sido utilizados para pagar pensão a uma filha. Na época, o senador respondeu a processo de cassação e renunciou à presidência da Casa.
Alves, candidato ao comando da Câmara, também é alvo de denúncias. Uma delas é de que teria destinado emendas parlamentares para beneficiar a empresa de seu então assessor Aluizio Dutra de Almeida, tesoureiro do PMDB no Rio Grande do Norte.
Diante das denúncias, manifestantes protestaram na quarta-feira contra a candidatura dos peemedebistas, em frente ao Congresso Nacional, com baldes e vassouras, e pediram a limpeza da corrupção no Senado e na Câmara. A ONG Rio de Paz conseguiu mais de 260 mil assinaturas até o início da noite de quinta-feira, no site da ONG AVAAZ, contra a candidatura de Renan.
Dirceu, no entanto, atacou as manifestações. "Estes neoudenistas dos novos tempos se opõem a ferro e fogo ao financiamento público e ao voto em lista. Observem, também, que à frente dessas campanhas de agora há sempre deputados e senadores defensores da mídia e inimigos de qualquer regulação", escreveu.
Para o ex-ministro petista, a eleição de Alves para a presidência da Câmara e de Renan para o Senado tem respaldo nas urnas. "Foi o povo que elegeu o Congresso e decidiu, pelo voto, por sua vontade soberana, que PSDB-DEM seriam oposição e minoria e PT-PMDB formariam e dirigiriam uma coalizão majoritária que, como tal, tem o dever de eleger os presidentes do Senado e da Câmara".
01 de fevereiro de 2013
Valor Online - O Globo
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