Ex-presidente diz ainda que Lula entrou em campanha para não falar de ‘outros problemas
BELO HORIZONTE – Em nova ataque ao PT, a quem acusou de não reconhecer os avanços dos governos tucanos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a presidente Dilma Roussef (PT) que, segundo ela, demonstra ingratidão e “cospe no prato que comeu”.
— O que podemos dizer de uma pessoa ingrata? A presidente cospe no prato que comeu — disse nesta segunda-feira Fernando Henrique, antes de participar em Belo Horizonte de um seminário promovido por seu partido.
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Na última quinta-feira, durante a festa pelos dez anos do PT no poder, Dilma foi lançada candidata à reeleição pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ela rejeitou a herança de Fernando Henrique Cardoso ao dizer que “nós não herdamos nada. Construímos”.
Ao lado do senador Aécio Neves (MG), pré-candidato tucano à Presidência, e do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, Fernando Henrique afirmou que o PT “usurpou” os programas do PSDB, mas não conseguiu colocá-los em prática.
— O país requer outra voz. Há um cansaço, eles criaram o monopólio da palavra. Corremos o risco de nos transformarmos em uma democracia deformada. O que aconteceu no Brasil foi uma usurpação de projetos. Quem não tem projeto está no governo.
Embora tenha evitado falar em nomes, FH afirmou que chegou a hora de Aécio e que sua indicação para disputar a Presidência é consenso na ala paulista do partido.
— O passado já passou. Vamos ver a condição que nos leve a vitória. Neste momento, a pessoa que tem maiores condições, a meu ver, é o senador Aécio Neves — declarou.
O ex-presidente defendeu o estilo comedido do tucano mineiro e rechaçou a necessidade de prévias para escolher o candidato a presidente.
— Nós devemos estar preparados para ventos novos. O Aécio tem a leveza na hora de falar. Estamos construindo uma candidatura. Só haverá prévias se houver mais de um candidato. Por enquanto, não vejo outros.
Mais cedo, Fernando Henrique voltou a cobrar um posicionamento público do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação às acusações do operador do mensalão, Marcos Valério. Ele foi o primeiro tucano a chegar ao seminário em Belo Horizonte.
Em depoimento na Procuradoria Geral da República após ser condenado a 40 anos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Valério afirmou que o mensalão pagou despesas pessoais de Lula e que o petista tinha pleno conhecimento do esquema de corrupção.
Segundo Fernando Henrique, Lula entrou em ritmo de campanha para fugir de temas espinhosos. Desde que Valério o acusou, o petista preferiu o silêncio.
- Acho que ele está tentando entrar em fase de campanha. Pode ser uma razão para evitar falar de outros problemas - alfinetou Fernando Henrique.
26 de fevereiro de 2013
Ezequiel Fagundes, O Globo
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