Os dados de dezembro do IBC-Br, divulgados quarta-feira, mostraram o baixo crescimento da economia brasileira. E os números regionais desmembrados até novembro, conhecidos quinta-feira no Boletim Regional do Banco Central, indicam que houve desaceleração na maioria das regiões e Estados pesquisados.
Entre os trimestres junho/agosto e setembro/novembro, o IBC-Br cresceu apenas 0,5%, diminuindo de 3,8% para -0,8%, na Região Sul; de 0,9% para -0,2%, no Sudeste; de 0,4% para -0,7%, no Centro-Oeste; e, ainda no campo positivo, caindo de 1,3% para 1,2%, no Nordeste; e de 0,7% para 0,1%, no Norte.
O varejo em geral cresceu bastante, mas houve desaquecimento no varejo ampliado, que inclui veículos, peças e material de construção. A indústria crescia lentamente (0,2%, em junho/agosto, e 0,3%, em setembro/novembro). As exportações caíram e o resultado da balança comercial (diferença entre exportações e importações) declinou em todas as regiões, salvo no Centro-Oeste (em razão dos embarques de soja e de milho).
Já a inflação continuou elevada, em especial nos itens alimentos e bebidas e despesas pessoais, que mais afetam a baixa renda.
São poucas as exceções - as áreas que cresceram acima da média -, como o Ceará, cuja economia avançou 3,2% no trimestre setembro/novembro, e Pernambuco (+1%). No Nordeste, a seca teve efeito devastador sobre a produção agropecuária - e o Ceará, embora tenha crescido mais, no geral, perdeu 82% da produção agropecuária. No extremo oposto, o Centro-Oeste registrou elevação de 26,2% na safra de grãos, a ponto de a inflação de alimentos ser menor.
Mas os fatores positivos para o crescimento, como os do setor primário, não bastaram para dar suporte ao emprego: mesmo no Centro-Oeste houve corte de 9,9 mil vagas, principalmente na construção civil (8,9 mil). Enquanto isso, em Pernambuco, a geração líquida de vagas formais foi de 23,5 mil e no Ceará, de 17,2 mil.
O comportamento da indústria foi, em geral, fraco, não se confirmando a reação esboçada no trimestre junho/agosto. Como exceção, Minas Gerais, onde a produção avançou 3,4% no trimestre setembro/novembro, retomando após crescer apenas 0,9% em 12 meses, até novembro, comparado aos 12 meses passados.
O trabalho do Banco Central transmite um otimismo moderado com relação a 2013, em parte por causa da expectativa de um clima mais favorável para a agricultura. Mas dependerá de uma reação mais forte da indústria, que ainda não é muito evidente.
24 de fevereiro de 2013
Editorial do Estadão
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