"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 24 de fevereiro de 2013

QUEM RECLAMA JÁ MORREU?

 

O Brasil assistiu ontem a mais um triste exemplo de que nosso modelo de Justiça precisa mudar urgentemente, ou vamos consolidar o regime de barbarie e do vale tudo. Mais uma vez, um réu em um crime de grande repercussão é condenado a uma pena alta (33 anos e 9 meses de prisão), mas poderá recorrer da sentença em liberdade.
É de matar o Papa de vergonha o caso do ex-seminarista Gil Graco Rugai, de 29 anos, que assassinou o pai, Luis Carlos Rugai, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, em 28 de março de 2004, na Zona Oeste de São Paulo. Ele matou, mas saiu soltinho ontem do Fórum da Barra Funda. Para a opinião pública, ficou novamente a impressão de que o crime compensa. O mérito de um dos recursos da defesa dele precisa ainda ser analisado pelo STF...
Outro exemplo hediondo de atentado mortal contra o Estado de Direito. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado denunciou o influente desembargador Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, já aposentado, que atuou na sessão criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo e ocupou o cargo de Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo - maior instituição maçônica da América Latina.
O magistrado é acusado de falsificação de documento e falsidade ideológica para mudar o resultado de um julgamento ocorrido 52 anos atrás. A reviravolta poderia render R$ 5 milhões em indenização aos familiares de um já falecido ex-guarda civil Manoel Henrique Queiroz – condenado por ato obsceno contra uma menina de 11 anos, dentro de um ônibus.
O MPE denunciou que o maçom-desembargador Gagliardi "inseriu ou fez inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita em folha de rosto de acórdão, documento público com o fim de criar obrigação e alterar a verdade sobre fato jurídico relevantes". A Procuradoria de Justiça decidiu enviar cópia do caso para a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público para tentar cassar a aposentadoria do réu. O maçom Gagliardi nega tudo. E promete entrar com habeas corpus para trancar a ação.
Por essas e outras que o ilustre José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses e prisão no Mensalão, aproveita os momentos de delírio em festança do PT para bravatear: “Eu sou o PT e o PT somos nós! Quero ver qual vai ser o juizinho que terá coragem de mandar prender a mim ou algum de nossos companheiros”. O líder revolucionário Dirceu – garantindo que o Brasil já está definitivamente no rumo do socialismo – certamente fará tal modalidade de “Justiça” ser implantada no novo regime. O lema operacional da petralhada será: “Aos amigos, tudo. Aos inimigos, nem a lei”.
O cardeal Dirceu, o seminarista Rugai, o Grão-Maçom desembargador Gagliardi e tantos outros que erram e passam impunes estão mais vivos que nunca no Brasil. Triste é que os sobreviventes da impunidade não se juntam para protestar com eficácia e eficiência, para mudar o quadro de impunidade e injustiça para o de respeito, disciplina e ordem democrática, com segurança do Direito e Ética.
Não podemos ser coniventes com a evolução do Governo do Crime Organizado. Seus meliantes se disfarçam de militantes e usam as ideologias (socialistas, comunistas, etc) para iludir os otários, enquanto consolidam o poder capimunista – no qual os oligopólios e os políticos parceiros usam e abusam dos esquemas estatais, dentro e fora da lei, para ganhar cada vez mais dinheiro.
Quem reclama, de verdade, no Brasil, já morreu? Parece que sim... Até quando a maioria inocente será vítima da ditadura da ilegalidade e da imoralidade? Neste ritmo, por omissão, acabaremos todos culpados pela impunidade. E sobreviveremos com a ilusão de soltura dentro da gaiola da ditadura travestida de democracia representativa.
Você tem vocação para pinto no lixo, enquanto os bandidos matam nossa galinha dos ovos de ouro no Brasil? Eu não tenho...
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

24 de fevereiro de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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