Senadores da base aliada impediram, esta semana, a convocação do operador do Mensalão, Marcos Valério, para depor na Comissão de Fiscalização Financeira.
Majoritários na comissão, os petistas, aliados com outros parlamentares da base aliada, derrubaram requerimento para Marcos Valério prestar esclarecimentos sobre depoimento dele à Procuradoria-Geral da República em setembro de 2012, no qual liga o ex-presidente Lula ao esquema do Mensalão.
No depoimento, o operador do esquema de fraudes afirmou que o ex-presidente sabia da existência do Mensalão e que recursos movimentados por suas empresas teriam custeado despesas pessoais de Lula.
O pedido dos senadores Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, e Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB paulista, objetivava que o operador do Mensalão fosse convocado para para detalhar o depoimento que ele prestou na Procuradoria Geral da República .
MOBILIZAÇÃO
Ao perceber que o requerimento seria colocado em votação pelo presidente da Comissão, senador Blairo Maggi, do PR de Mato Grosso, os senadores petistas mobilizaram-se para comparecer à Comissão — esvaziada antes da votação. Contando com maioria, os governistas derrubaram o requerimento e fizeram críticas à tentativa de convocação de Valério.
“Esse senhor não tem autoridade de seguir mentindo Brasil afora. Se ele quisesse falar a verdade, falaria sobre a origem do mensalão, não o do PT, algo que nunca falou”, afirmou o petista Jorge Viana do Acre, referindo-se a esquema semelhante do PSDB em Minas Gerais, que ainda não foi julgado no STF (Supremo Tribunal Federal).
Irritado com os ataques dos petistas, Aloysio reagiu. “Se o Supremo condenar tucanos, não vamos passar a mão na cabeça de ninguém. O que queremos é que esse cidadão venha aqui falar sobre irregularidades que teriam acontecido. Ninguém quer questionar o julgamento do Supremo, dizer que foi midiático, nada disso. Apenas queremos esclarecimentos”.
O senador Aníbal Diniz, do PT do Acre, disse que não há “sentido” em Marcos Valério falar aos senadores. “É um personagem que já foi julgado, condenado e teve toda a oportunidade de dizer o que queria dizer.”
Para o senador Flexa Ribeiro, do PSDB do Pará, os governistas trabalharam com o propósito de “blindar” Lula no Senado, ao correrem para a Comissão. “A base do governo tem que estar presente, não precisa ficar fazendo discursos intermináveis para derrubar o requerimento, dando tempo de outros senadores chegarem”.
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