"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 2 de abril de 2013

ASSIM A ESCOLA CAI

Uma diretora de escola de ensino fundamental é xingada de vagabunda e socada no rosto por um aluno adolescente sem causar nenhuma indignação pública. É tragédia anunciada.


Se nada for feito, os valores que orientam uma sociedade civilizada estão ameaçados de extermínio. Parece exagero, dramalhão. Mas é realmente aterrador o grau de indiferença diante do desrespeito e da banalização de violência praticados por crianças e adolescentes contra seus professores.

Pior, não é de hoje. Essa indiferença está se transformando numa insensibilidade patológica, incapacitante para a compreensão do que é certo e errado; para a definição de limites.

Poucos são os que se detêm para analisar a causa de tanta agressão e desrespeito ao professor primário. Exatamente aquele que deveria figurar como alicerce da educação.

E o que provoca, afinal, esses conflitos quase corriqueiros entre esses alunos e seus educadores? O que desencadeia as ações violentas, repentinas ou não? O que faz com que esses profissionais de educação sintam-se cada vez mais como uma classe trabalhadora de alto-risco?

Quais os verdadeiros motivos das agressões? Aparentemente, elas são “apenas” respostas de alunos revoltados por terem sido contrariados ou repreendidos. E não é raro que apareçam mães reforçando a pancadaria moral ou física contra os “repreendedores”.


Geralmente, os agressores advêm de famílias desestruturadas e violentas há mais de uma geração (ricas ou pobres). Não têm noção do significado de sala de aula, nem da função do professor. Algumas até obrigam os filhos a irem à escola unicamente para não perderem o Bolsa Família.

Por outro lado, também existem aqueles professores despreparados, desiludidos, cansados, sem paciência ou vocação.

Fica claro, portanto, que a valorização do educador depende de como o Estado o reconhece, dando-lhe incentivo, capacitação, prestígio e proteção.

A reportagem especial “Escolas do medo” (O Globo 31/03), de Vera Araújo, Carla Rocha e Maria Elisa Alves, confirma que os casos de agressão nas escolas de ensino fundamental têm aumentado. Porém, 80% deles não são registrados nas delegacias devido à burocracia, ao medo.

Não, esta situação conflituosa não tem a ver com o mundo digital que costuma dar bastante trabalho aos professores, principalmente, do ensino médio. (Embora a garotada creia que informações soltas obtidas ali no Google equivalem a conhecimento.)

Na questão da violência abordada aqui, a internet ainda não entrou em sala de aula.

 02 de abril de 2013
Ateneia Feijó é jornalista

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Esse é o espetáculo de uma sociedade silenciosa ante os desmandos de verdadeiros predadores.  Esses e outros atentados, tanto de natureza pública quanto privada, que infestam os tempos presentes e fundamentam as grandes tragédias em todos os tempos. É do silêncio estupefaciente que nasce o poder totalitário, a violência, os atos criminosos.
A violência e o desrespeito no espaço escolar, é apenas uma amostra, mas que reflete o espírito do tempo que ameaça valores até então vigentes, que desconstrói o Estado, a família e a cultura cristã ocidental. A banalização do crime é o caminho da barbárie.
Os tempos anunciam-se funestos ao desmantelar princípios paradigmáticos sem nada oferecer, senão a desordem, o caos, o início da decadência anunciada.
m.americo

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