E, apesar das diferenças entre a colônia portuguesa e as colônias espanholas entender que origens coloniais fizeram igualmente de nós sociedades invertebradas.
Afinal não tivemos como na “Espanha invertebrada” de Gasset “a comunidade de propósitos” que faz com que grupos integrantes “convivam não por estar juntos, mas sim por fazer algo juntos”.
Ao mesmo tempo, nossas sociedades desiguais, o isolamento entre as camadas sociais, a falta de “minorias seletas” que comandassem o processo emancipatório, a inexistência do espírito associativo substituído pela vivência do pequeno mundo familiar ou clânico gerarão o desequilíbrio estrutural cujas manifestações mais graves até hoje sentidas são: o atraso econômico, a mentalidade do atraso, o autoritarismo, o paternalismo, o clientelismo, o nepotismo, o patrimonialismo e a corrupção endêmica.
No nosso subdesenvolvimento político e econômico somos envolvidos por um sentimento estranho, a um tempo de altivez e de inferioridade, sendo que preferimos descarregar nossa frustração em possíveis culpados utilizando, inclusive, a equivocada fórmula que diz que uns são pobres porque outros são ricos. Assim, culpamos especialmente os Estados Unidos por nossas mazelas e fraquezas. Só nos esquecemos de perguntar o que fizemos a nós mesmos.
Fatos recentes ocorridos em nosso país e na América Latina demonstram que as características acima apontadas permanecem, pois fazem parte de uma cultura plasmada ao longo dos séculos. E aqui me refiro à cultura no sentido do complexo de valores, atitudes e comportamentos.
Um desses fatos foi a visita da corajosa dissidente cubana, Yoani Sanchez, que enfrenta a tirania dos irmãos Castro pedindo liberdade e democracia para seu país. Isto tem um preço na Cuba totalitária e Yoani o tem pagado com prisão e tortura. Entretanto, suas armas não são as armas assassinas de Fidel Castro, mas palavras postadas no seu blog.
Os jovens que ajudaram fazer do Brasil um satélite de Cuba são portadores da mesma idiotice analisada no “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”
Os jovens que ajudaram fazer do Brasil um satélite de Cuba são portadores da mesma idiotice analisada por Plinio Apuleyo de Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa no “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”.
Essa “doença”, segundo Mario Vargas Llosa, que fez a apresentação do livro, não é a congênita, mas tem outra índole: “É postiça, deliberada e eleita, se adota conscientemente por preguiça intelectual, modorra ética e oportunismo civil”. “É ideológica e política, mas acima de tudo, frívola, pois revela a abdicação da faculdade de pensar por conta própria”.
Outro fato marcante na América Latina foi a morte de Hugo Chávez, típico tiranete populista latino-americano que levou algum benefício aos pobres através de caridades oficiais, mas destruiu a economia venezuelana. Chávez, ao se perpetuar no poder foi uma fraude democrática. Ele subjugou o Legislativo, o Judiciário e o Exército, impôs a censura dos meios de comunicação, perseguiu seus opositores de maneira implacável.
Até sua morte, que não se sabe quando ocorreu realmente foi envolvida numa rocambolesca e misteriosa farsa a cargo do sucessor por Chávez ungido para dar continuidade ao governo, Nicolás Maduro.
Este mentiu o que pode, inventou lorotas, falou em mumificação do chefe e ocupou o cargo de presidente inconstitucionalmente. Agora está em campanha e certamente vai se eleger para que Chávez continue a governar do além.
O PT deve ter uma ponta de inveja do companheiro Chávez porque não conseguiu alcançar a radicalização venezuelana. Porém, está a caminho. Dilma, a sucessora ungida por Lula é presidente e candidata. Portanto, ela tem a caneta e os recursos materiais das bondades, além do tempo que desejar na mídia. Um poder que os demais candidatos não dispõem o que dificulta enfrentá-la.
Ah, sim, e pela primeira vez foi eleito um Papa latino-americano. Dilma disse que ele é normal (?), e que Deus é brasileiro. Desconfio que seja argentino, pois elegeu um Papa da Argentina. Talvez, o diabo seja brasileiro, pois a presidente em campanha jurou que vai fazer o diabo.
E assim vamos nós, sociedades em busca de si mesmas, tão parecidas entre si por serem os fragmentos de um espelho partido.
04 de abril de 2013 de 2013
Maria Lucia Victor Barbosa
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