Os acontecimentos de maio de 1968, em Paris, foram tão intensos e imprevisíveis que, no exato momento que eclodiram, muitos não conseguiram entender a razão de inesperada manifestação. Tanto que em 1970 o filósofo Jean-Paul Sartre chegou a revelar que “ainda estava pensando no que havia acontecido e que não tinha compreendido muito bem: não pude entender o que aqueles jovens queriam... então acompanhei como pude...”.
Hoje, ninguém mais tem dúvidas de que aqueles estudantes e trabalhadores estavam se rebelando contra a “velha opinião formada sobre tudo”. Eles queriam mostrar a insatisfação política, conquistar a liberdade sexual e manifestar novas formas de pensar e agir.
As frases pichadas nos muros da capital francesa, durante a greve geral, davam o tom da revolução almejada: “É proibido proibir”,“A vida sem tempos mortos”, “Poder para a imaginação”, “Trabalho, nunca”.
Pois bem - e o que aconteceu posteriormente? Qual era o clima em Paris, por exemplo, dois anos após os episódios de 1968? O novo filme do francês Olivier Assayas – “Depois de maio” - aborda justamente isto.
Através do jovem Gilles (Clément Métayer), o diretor Assayas mostra os dilemas que ele mesmo viveu no início da década de 1970 na região de Paris. A luta política era importante, mas já não era tudo. A realização pessoal e profissional também dividia corações e mentes.
Em meio a protestos, festas, questionamentos, drogas, atentados, literatura, viagens, namoros, rock, aulas, cinema e sexo – o filme mostra que os efeitos da revolução já estavam em curso. E até hoje estão aí.
“Depois de maio” é um filme cativante, que vale muito a pena conferir. Em 122 minutos, sente-se todo o frescor de uma juventude, curtindo a liberdade e fazendo o que desse na telha.
03 de maio de 2013
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