Internacional - Estados Unidos
No passado dia 25 de abril, em Dallas, a inauguração da biblioteca-museu presidencial de George W. Bush revestiu-se de enorme importância e interesse.
Antes de mais, pelo próprio edifício e entidade, que alberga milhares de documentos e de objetos relevantes da história recente dos EUA. E, depois, pela presença simultânea, no mesmo local, de todos os presidentes vivos, um encontro que é muito raro – o último, com os mesmos cinco protagonistas, havia ocorrido em 2008 na Casa Branca, pouco depois da eleição de Barack Hussein Obama.
Os discursos foram generalizadamente elogiosos e pontualmente marcados pelo bom humor. Contudo, e como habitualmente, Barack Obama destoou, tendo mostrado novamente a sua deselegância e o seu egotismo ao aproveitar a ocasião para falar da reforma da imigração…
Porém, e isso já não é mau de todo, não procedeu pela enésima vez – porque isso implicaria fazê-lo cara a cara com o visado – ao atirar de culpas para cima do seu antecessor, tentando (sem sucesso) desresponsabilizar-se pelos (muitos e notórios) falhanços da sua presidência…
Ignorada pelas três estações de televisão portuguesas (tanto quanto pude apurar e me aperceber) e… pelos outros blogs lusos sobre os EUA, a cerimônia mereceu, nas principais mídias de Portugal, uma fotografia com uma legenda desenvolvida em dois jornais e um artigo não muito grande noutro.
Que, previsivelmente, não surpreendentemente, apresentou como premissa principal a pouca probabilidade, se não mesmo a impossibilidade, de o Nº 43 poder vir a ser “reabilitado” pela opinião pública devido aos seus supostos “erros” (e quiçá “crimes”) como a guerra no Iraque, o furacão Katrina e a crise financeira…
No entanto, só os que – em Portugal e não só – continuam, pouco e mal informados, a pensar como se estivéssemos ainda em 2008, é que ainda estão convencidos de que essa é uma tática que já não deu tudo o que tinha a dar.
Do outro lado do Atlântico, e quatro anos depois de ter saído definitivamente da Sala Oval, George W. Bush vê a sua presidência ser efetivamente reavaliada e revalorizada, não só isoladamente mas também em comparação com a do Nº 44, e as sondagens mostram isso mesmo.
O atentado em Boston e a inação quanto à Síria, demonstrativos das deficiências, do desleixo e da desorientação da atual administração em questões de segurança, tanto interna como externa, e que têm estado – infelizmente – em destaque, antes e depois da inauguração em Dallas, tornaram claro como a estrutura de defesa norte-americana, reformulada e reforçada a seguir ao 11 de Setembro de 2001, se tem vindo… progressivamente a degradar.
Além de que a economia só tem vindo a piorar desde 2009, e não por causa do anterior presidente – que, como igualmente já demonstramos, não foi o culpado pela crise financeira de há cinco anos.
Peggy Noonan resumiu o que estava a acontecer talvez melhor do que ninguém:
“esta semana alguma coisa mudou. George W. Bush está de volta, para descerrar o pano da sua biblioteca presidencial. Os seus números estão dramaticamente altos. Sabem por quê? Porque ele é a coisa mais longe de Barack Obama. A fadiga de Obama abriu o caminho para a afeição por Bush”.
No entanto, quem considerar a colunista do Wall Street Journal pouco digna de crédito por ser conservadora, leia-se o que outros, liberais, escreveram sobre o Nº 43, e com… bastante afeto. Nomeadamente, Ron Fournier e Lanny Davis, ambos a afirmarem – nos títulos dos seus artigos! – que o anterior presidente é um “homem bom”, e Ellen Ratner, que declara, e demonstra, que ele “salvou mais vidas do que qualquer outro presidente americano” - referindo-se especificamente às suas ações contra a AIDS na África, iniciativa também louvada explicitamente por Jimmy Carter.
George W. Bush mostra estar, presentemente, tranquilo em relação ao seu passado, e confiante no seu legado para o futuro. Que revele, continuamente, ter mais classe, mais dignidade, do que Bill Clinton e Barack Obama é tão só um pormenor, entre outros, que ajuda(rá) a explicar essa tranquilidade e essa confiança.
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