"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 31 de maio de 2013

PESQUISA ESTABELECE BASE CIENTÍFICA PARA AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL

                                                                                                 
Brasília, 27/03/2013 - A pesquisa brasileira deu um passo importante para tornar mais racional os debates sobre desenvolvimento rural e meio ambiente, além de criar os parâmetros que irão impulsionar de vez o mercado de crédito carbono.
Um estudo elaborado pela Embaixada Britânica, Universidade de Campinas (Unicamp) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que está sendo divulgado nesta quarta-feira, apresenta as bases científicas da agropecuária sustentável.

O estudo sobre mitigação de gases na agricultura permitirá o monitoramento do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em 2010 pelo governo federal. O programa faz parte do compromisso voluntário assumido pelo Brasil na Conferência do Clima de Copenhague (COP-15), de redução da emissões entre 36,1% e 38,9% até 2020, o equivalente a 1,2 bilhão de toneladas de CO2.
As metas são de diminuição de 80% da taxa de desmatamento na Amazônia e de 40% no Cerrado, que implicaria em redução de emissões da ordem de 669 milhões de toneladas de CO2.

Em relação às atividades agropecuárias, o governo brasileiro assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre 133 milhões e 166 milhões de toneladas, por meio do incentivo à adoção de praticas sustentáveis no campo, como a recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária, ampliação do sistema de plantio direto na palha e a fixação biológica de nitrogênio.

Para possibilitar o acompanhamento das metas, o estudo buscou quantificar os estoques de carbono no solo em áreas de pastagens recuperadas e exploradas com a adoção da integração lavoura-pecuária (ILP), integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e sistemas agroflorestais (SAF), de acordo com os critérios definidos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC).
Os trabalhos foram concluídos nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A previsão é que até dezembro deste ano esteja finalizado também em relação aos solos da Amazônia, na região Norte.
Compromissos

O estudo conclui que nas quatro regiões pesquisas o manejo sustentável permitirá ao Brasil atingir os compromissos assumidos na COP-15. Segundo o estudo, as emissões evitadas pela recuperação de pastagens e pela integração lavoura-pecuária somente na região Sul atingem 150 milhões de toneladas de CO2, que equivalem a praticamente toda a meta assumida em Copenhague e oficializada no decreto 7.390, de 9 de dezembro de 2010, assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os autores destacam que a meta do Programa ABC é elevar a taxa de lotação dos pastos para 1 animal por hectare/ano, o que traria importantes benefícios para a produção de carne bovina, atenuaria a pressão de expansão da pecuária de corte na Amazônia e reduziria as emissões, a partir da recuperação das pastagens.
Eles sugerem que ações do Programa ABC, como formação de multiplicadores e liberação dos financiamentos destinados à recuperação de pastagens, sejam prioritárias nos 533 municípios brasileiros onde a taxa de lotação da pecuária está abaixo de 0,4 animal por hectare/ano, que correspondem a 31 milhões de hectares.
O censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006 mostrou que existiam no Brasil aproximadamente 58 milhões de hectares com taxa de lotação inferior a 0,6 animal por hectare/ano.

O lançamento do estudo coordenado pelos pesquisadores Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária, e Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp, será realizado a partir da 16 horas desta quarta-feira no auditório da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília.

31 de maio de 2013
Agencia Estado

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