"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 31 de maio de 2013

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Boa pergunta


“Precisamos entender por que, de 420 deputados da base, o governo não consegue colocar 257 em uma sessão importante, decisiva”.

Henrique Alves, sobre a não aprovação de Medidas Provisórias pela Câmara, sem saber se o valor do contrato de aluguel está muito baixo, se a base alugada anda flertando com a oposição oficial ou se o governo é ainda mais incompetente do que imaginava.

Nada a ver

“Não há, da parte do governo, nenhuma atitude, da parte da presidente, que possa levá-la a pedir qualquer tipo de desculpa”.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, sobre a cobrança de Aécio Neves para que Dilma Rousseff peça desculpas à oposição,  por ter sido acusado pela companheira Maria do Rosário de espalhar a boataria que convulsionou o Bolsa-Família, tentando explicar em dilmês de sabujo que a chefe conhece só de vista a gaúcha que jura ser ministra dos Direitos Humanos.

Estadista em campo

“Patrocínio Caixa, ABC/America. Juntamente c a Dep Fatima, estamos nessa luta. Ontem falei ao Pres Hereda. Razao contrato Asa, Arapiraca”.

Henrique Alves, presidente da Câmara, em seu Twitter, comunicando à nação que, depois de saber que o senador Fernando Collor arrancou uma gorda verba da Caixa Econômica Federal para patrocinar o Asa de Arapiraca, que defende a honra de Alagoas na segunda divisão do Campeonato Brasileiro, entrou imediatamente em campo para conseguir paridade de direitos e dinheiro para dois times do Rio Grande do Norte, onde moram o deputado do PMDB e os eleitores que há 2 mil anos garantem seu emprego na Casa dos Horrores.

Vexame triplo

“Foi um vexame”.

Henrique Alves, presidente da Câmara, sobre o desempenho de Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann como articuladoras da aprovação de Medidas Provisórias no Congresso, antes de saber que Aloizio Mercadante acaba de ser escalado reforçar o trabalho da dupla.

Amor não é tudo

“Há um déficit de política no governo. A relação do Planalto com o PT e com o Congresso está distante e, mesmo as relações mais amorosas, não sobrevivem à distância”.

Jorge Viana, senador eleito pelo PT do Acre e vice-presidente da Casa do Espanto, ensinando que as mais amorosas das relações balançam quando falta dinheiro.
 

Estadistas em ação

“Não precisa mais! Já acertei tudo com a Marta Lyra”.

Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, durante a conversa por telefone com Renan Calheiros, avisando que havia resolvido o problema da votação das Medidas Provisórias com a chefe da assessoria parlamentar do Ministério das Minas e Energia.

“Como assim, acertou com a Marta Lyra? A senhora enlouqueceu? Está confundindo as coisas, não está entendendo a dimensão do que é o Legislativo!”

Renan Calheiros, presidente do senado, antes de desligar o telefone.

“Houve um estresse”.

Vital do Rêgo, senador do PMDB da Paraíba, ao comentar a conversa entre Renan e Gleisi, ensinando que, no subdialeto da base governista, “estresse” é que qualquer coisa que ameace o cumprimento das cláusulas do contrato de aluguel.

Moleque de recados

“Ele me disse: ‘Gilberto, eu até gostaria de ir, mas como já apareci ao lado do Haddad na segunda-feira, daqui a pouco vão dizer que sou subprefeito dele!’”.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e caixa preta do PT, ao informar que Lula não compareceria a um encontro entre Fernando Haddad e moradores de rua, reassumindo o posto de moleque de recados para matar a saudade do tempo em que levava e trazia mensagens trocadas entre o chefe e Rosemary Noronha.

Aviso em código

“O Brasil não é mais um país emergente. O Brasil emergiu, todo mundo já notou”.

Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos, nesta quarta-feira, em visita ao Rio de Janeiro, com cara de quem está pensando que só pode naufragar o que está flutuando.

Crime legal

“Quaisquer que sejam os percalços que tenhamos que enfrentar, como tivemos anteriormente, eles serão removidos legalmente para que a população brasileira,a indústria e o comércio se beneficiem dessa medida do governo”.

Edson Lobão, ministro de Minas e Energia, garantindo que prorrogar uma Medida Provisória por decreto é uma das inúmeras modalidades de crime ainda não incluídas no Código Penal.

Criminosos de estimação

“São falsas as especulações de mudanças na direção da Caixa Econômica Federal. A diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”.

Dilma Rousseff, disfarçada de nota da Secretaria de Comunicação Social, avisando que vai manter no emprego os subordinados que qualificou de “desumanos e criminosos” quando o Brasil ainda não sabia que eram eles os responsáveis pelas lambanças da Caixa com os pagamentos do Bolsa-Família

31 de maio de 2013
augusto nunes

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