"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 18 de junho de 2013

BLINDADO, GILBERTO CARVALHO SE CALA SOBRE ROSE

Blindado, Gilberto Carvalho não explica investigação paralela sobre Rose
 
 

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República esquivou-se de dar explicações na sessão teatral armada por senadores governistas

O petista Gilberto Carvalho, integrante dos governos Lula e Dilma
Carvalho também não explicou como o processo de investigação foi conduzido (Beto Barata/Agência Estado )
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, esquivou-se nesta terça-feira de dar explicações sobre a tentativa de sabotagem da investigação sobre a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha. Ele foi ouvido em uma audiência blindada - e armada de forma teatral - pela base governista na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado.
Reportagem de VEJA revelou no mês passado como a investigação realizada pela Casa Civil, que, após dois meses de trabalho, resultou na abertura de um processo disciplinar por enriquecimento ilícito contra Rose, foi alvo de investidas que partiram do Palácio do Planalto para que a apuração ficasse inconclusa. A Secretaria-Geral montou uma investigação paralela contendo uma série de advertências e ressalvas sobre o trabalho da comissão de sindicância.
Nas raras vezes em que foi questionado sobre o tema central da audiência, Carvalho classificou a investigação paralela como um “acompanhamento de correição” realizado pelo governo. Apenas o senador tucano Aloysio Nunes (SP) fez questionamentos diretos sobre o episódio - os demais integrantes gastaram o tempo elogiando Carvalho e o governo Dilma Rousseff.
“As respostas foram completas e Vossa Excelência aqui manifesta um procedimento e boas atitudes. As respostas foram precisas e mostram os seus valores”, disse o petista Eduardo Suplicy, que sequer questionou o ministro sobre os desvios cometidos por Rose.
“Posso assegurar que a ação da Ciset (Secretaria de Controle Interno da Presidência da República) restringiu-se à ações de acompanhamento de correição. Não fizemos nenhum tipo de investigação ou de acompanhamento”, disse o ministro.
Carvalho, porém, não explicou como o processo de investigação foi conduzido, e afirmou apenas que todos os casos passam pelos mesmos trâmites. “A Ciset tem necessariamente que abrir um processo correcional de acompanhamento de qualquer investigação que seja feita no âmbito da Presidência da República. Cem por cento dos casos passam por isso”, afirmou. “O que a Ciset fez foi contribuir para que não houvesse nenhum tipo de nulidade possível a ser alegada pela defesa do caso da senhora Rosemary.”
No depoimento, Carvalho afirmou ainda que Rose realizou diversas viagens no cargo – em uma delas, ficou hospedada na Embaixada de Roma ao lado de seu marido, regalia exclusiva a importantes autoridades – para “contribuir no papel de apoio ao cerimonial” e com a tarefa de “recepcionar ministros”. “Nunca tive conhecimento de outras atividades de Rose porque não havia prestação de contas sobre esse episódio”. 
O ministro ressaltou que teve relação de amizade com Rose no período em que atuou na sede do PT paulista e que não sabe dizer porque ela o citou como testemunha no processo que responde por seus desvios quando era chefe de gabinete da Presidência. Ele afirmou ainda que não teve “acesso formal à sindicância” e tampouco ao procedimento que “ocorre na Controladoria Geral da União.”
Espionagem - Líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF) ainda tentou buscar outras explicações do ministro, como o caso de espionagem por parte de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, no Porto de Suape – caso revelado por VEJA desta semana. Carvalho, no entanto, voltou a negar qualquer desmando do governo. “Conversei com o general José Elito [ministro da Secretaria de Segurança Institucional] e ele assegurou para mim e nós estamos confiando na palavra do ministro que não houve nenhuma ação de espionagem da Abin”, disse.
18 de julho de 2013
Marcela Mattos - Veja
 

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