Lula elogia Haddad e diz que reivindicações não são coisa de polícia, mas sim de mesa de negociação
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) usou seu perfil nas redes sociais para falar pela primeira vez sobre os seguidos protestos no país contra o reajuste da passagem de ônibus. Na página do Facebook, FH declarou nesta segunda-feira:
“Os governantes e as lideranças do país precisam atuar entendendo o porquê desses acontecimentos nas ruas. Desqualificá-los como ação de baderneiros é grave erro. Dizer que são violentos nada resolve”.
Mais tarde, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também usou a rede social para falar sobre o assunto. De forma indireta, ele criticou a reação da polícia às manifestações:
“A única certeza é que o movimento social e as reivindicações não são coisa de polícia, mas sim de mesa de negociação”.
Na mensagem de FH, abaixo do texto, o ex-presidente postou uma foto do Movimento Diretas Já, na Praça da Sé, realizado em 1984. Segundo Fernando Henrique, “justificar a repressão é inútil: não encontra apoio no sentimento da sociedade”. Ele declarou ainda que as razões das manifestações “se encontram na carestia, na má qualidade dos serviços públicos, na corrupção, no desencanto da juventude frente ao futuro”.
No fim da mensagem, o petista elogiou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Para Lula, “ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil porque a democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de novas conquistas”.
“Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes, a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o transporte urbano”.
Manifestação repercute no meio político
Na última terça-feira, quando estava em Paris para defender a candidatura de São Paulo para sediar a Expo 2020, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do mesmo PSDB de FH, havia classificado de “intolerável a ação de baderneiros, de vândalos destruindo o patrimônio público”.
O governador chegou a afirmar que os manifestantes deveriam “pagar por isso, porque o patrimônio é de todos, o patrimônio é coletivo”.
Além de Fernando Henrique, outra autoridade comentou a onda de manifestações.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira que é “importante amar os jovens”. Segundo Mercadante, é positivo que os jovens de manifestem, “o que não pode acontecer são excessos e violência”, em referência à violência policial.
O ministro também comentou as vaias que a presidente Dilma Rousseff recebeu na abertura da Copa das Confederações, no sábado.
O ministro fez referência ao escritor e jornalista brasileiro Nelson Rodrigues, e disse que “em dia de jogo, o Maracanã vaia até minuto de silêncio”.
— Política e futebol nunca combinaram — disse ministro.
18 de junho de 2013
O Globo
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