Não entendo como ninguém, sem ter sido hóspede do Pinel, pode defender o fim da “era do consumo”. Principalmente economistas.
As sociedades se organizam em torno do consumo e se fundem e se difundem (mas não se confundem) para atender a ele, a produção (indústria), o comércio (financiamento), serviços (renda), investimento (crescimento, emprego e impostos), aumento de compra e venda, interna e externa (exportação e importação) satisfazem e preenchem as necessidades das populações, refazem e recomeçam o mesmo círculo.
Dizer que é preciso fazer crescer a produção e diminuir o consumo, só não é loucura por ser ininteligível. É lógico que a produção tem que aumentar, pois se o consumo for maior, sobem os preços, caem as vendas, aumentam as inadimplências, a inflação se eleva, o caos é total.
Ao contrário, se houver consumo, a produção tem que aumentar mesmo, mas com financiamento, mercado garantido, preservação do emprego e dos salários.
E os preços caem normalmente. Portanto, aumento cada vez maior da produção, nota mil, mas sem colocar o pé no freio do consumo. Sem consumo não há produção, sem produção não há consumo. Com todas as inconveniências dos itens complementares desse círculo indestrutível. E renovável, renovado e sempre se renovando, em benefício da coletividade.
OSCAR, O MÃO SANTA
Não merecia (ninguém merece) esses dois tumores no cérebro, descobertos num exame de rotina. Impressionante sua afirmação: “Nunca bebi, nunca fumei, nunca me droguei ou me dopei, pensei que fosse chegar ao 90 anos”. Inacreditável mesmo, Oscar, mas pelo que dizem os médicos, seu calendário de vida não ser alterado.
REFLEXÃO
Depois da tortura, a maior crueldade do sistema é o desemprego.
FESTA NA FEBRABAN
Ficaram surpreendidos (agradavelmente, lógico) com os juros indo para 8%. Esperavam de 7,50% para 7,75%, mas isso foi vetado até psicologicamente, uma das explicações para a unanimidade do Copom.
Na quarta era muito tarde, na quinta, dia de trabalho, como fazer a confraternização? Mas veio o feriado de “Corpus Christi”, todos liberados, ateus do crédito, religiosos e crentes dos lucros, se reuniram nos mais diversos lugares. Mesmo na euforia, é preciso preservar as divergências, as invejas e os ciúmes.
Hipocrisia, euforia, a liturgia do enriquecimento, quanto mais incentivado pelo Estado, logicamente mais legítimo e mais legitimado.
DÓLAR RESISTENTE
Na sexta-feira, o BC vendeu quase um bilhão da moeda, para ver se ela baixava. Não adiantou. Fez caixa, mas esse não era o objetivo, a moeda bate os recordes de 2009. Mantega, distante: “Não tenho nada com câmbio”. É muita divisão ou divergência.
CIRO GOMES x EDUARDO CAMPOS
Conversa longa, sem muita perda de tempo, mas também rigorosamente confortável. E logicamente, com tanta distância do objetivo, nenhum resultado. O governador de Pernambuco tem pressa, precisa do ex-governador do Ceará, mocíssimo e irmão do atual.
Ciro não tem pressa, não quer nada de Campos, mas não esquece de que foi abandonado quando era presidenciável. É novela para ser conhecida depois de 2013. Muitos capítulos conhecidos, têm que se ser reescritos. Mas a quatro mãos.
TV CULTURA
Durante o processo de “filtragem” na Fundação Anchieta, para escolha do presidente da TV, comentei aqui: “Por que tanta briga por um canal sem audiência?”. Citei a BBC como exemplo de televisão oficial, e a conversa que tive com Franklin Martins (provocada por mim como colaboração, não aproveitada), em que eu analisava que a futura (atual) TV Brasil gastaria uma fortuna e seria o fracasso que se confirmou.
Agora, em artigo na Folha, André Mantovani, com a competência habitual e o sustentáculo dos títulos (incluindo a própria direção da Fundação Anchieta), resume tudo numa frase perfeita e irrefutável: “A TV Cultura envelheceu mal”.
Com números abaixo de zero (ele colocou “depois da vírgula”, com elegância), não pode ser um desperdício. As TVs estatais que não seguem a BBC estão condenadas ao desperdício. Acontece que os governos no Brasil, venham de onde vierem, não têm tradição de convivência com a renovação ou a independência.
JUROS NO JAPÃO
De 0,1% ao ano, o BC de lá elevou a taxa para quase 0,8%, incomparável com a do Brasil. Mas o mercado, que há anos convivia e aceitava o juro muito mais baixo, não gostou da mudança. Protestos gerais, deve haver modificação. E eles não têm inflação.
A “GOVERNADORA” GLEISI HOFFMANN
Só age, só atua, só vive para o Paraná. Mas vem sofrendo desgaste diário. Sua “briga” com Eduardo Braga, senador, líder do governo de Dona Dilma, destaque no Estado. Agora foi massacrada. Por quem? Renan Calheiros, que coisa.
Beto Richa, candidato à reeleição, festeja diariamente. A chefe da Casa Civil pelo menos terá mais 4 anos no Senado. Um dos erros da legislação é a “herança dos cargos”, reservada pelos próprios.
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PS – Primeiro o jogo, depois o Maracanã. Justíssimo o primeiro tempo, seria exigir demais, com essa monótona e medíocre Inglaterra, que só aos 39 minutos e meio passou da metade do campo, forçando Julio Cesar a boa defesa.
PS2 – No time do Brasil, destaque para Neymar, apesar de não ter feito gol. Aos 18 quase fez, driblou o zagueiro, estava praticamente “colado” ao goleiro, não dava para inventar ou improvisar. Mas driblou, chutou, entregou, 5 ou 6 vezes.
PS3 – O arcaico Felipão, na beira do campo, fazendo sinais cabalísticos mas não futebolísticos. E ia barrando o Paulinho pelo Hulk, os dois não fizeram nada. Aos 35, por acaso, Hulk ia fazendo um gol de calcanhar, raspou a trave. E Lucas de fora, esperando. Mas vai entrar no lugar de alguém, qualquer um, menos Neymar.
PS4 – Aos 30 minutos, 30 faltas dos dois times, 15 para cada lado. Coincidência ou inapetência? E lá se foram esses 45 minutos, nenhuma emoção.
PS5 – Aos 12 minutos, Fred, que não fizera nada no primeiro tempo, pega um rebote da trave, faz 1 a 0. Felipão ri, se abraça com os também arcaicos Murtosa e Parreira, tenta “eternizar” um lance, puramente ocasional e mais nada.
PS6 – Aos 20 e 21 minutos, quase a Inglaterra marca um gol, uma vez de escanteio. Mas aos 21,40 faz, um bola chutada com 5 brasileiros à sua frente. Felipão “amarra a cara”, balança os braços, desalento. 1 a 1. Não esperava?
PS7 – Aos 33, outro gol da Inglaterra, que não poderia ter sido feito. Um monte de jogadores na frente dos nossos, igual ao primeiro deles. Parecia a tragédia de Felipão, que deveria estar se perguntando, “serei substituído pelo Cuca ou pelo Tite?”. E a “família”?
PS8 – Só que aos 37, Paulinho, no seu estilo de grande revelação, num golaço, empata o jogo. E não houve mais nada, sem derrota. O suficiente para Felipão ser endeusado ao vivo e a cores, por muitos comentaristas. Acompanhem durante a semana.
PS9 – Agora o espetáculo. Maravilhoso, que beleza, a palavra certa é deslumbrante. Por qualquer ângulo, admirável. Só perde para o Maracanã-símbolo de sempre, na comparação da capacidade. 70 mil pagantes, excelente.
PS10 – Mas não podemos esquecer dos 187 mil pagantes de 1970, eliminatória Brasil-Paraguai, o recorde de sempre, do ponto de vista externo. E os 173 mil do Fla-Flu, insuperáveis na citação eterna. Mas que provocam enorme saudade. Principalmente com o futebol que se joga hoje no Rio, e não merece os 20 mil abnegados que geralmente comparecem.
PS11 – Uma pena que toda essa arena sensacional seja entregue á incapacidade de Eike Batista. Há 4 ou 5 anos comprou o Hotel Glória, as obras “continuam” dia e noite, infernizando a vida dos moradores.
PS12 – Um filho e um neto deste repórter, deslumbrados por assistir a volta do estádio, iam me passando as emoções. Frequentei o Maracanã durante 40 anos.
PS13 – As imagens externas do Maracanã, de helicóptero, imperdíveis, só vistas de casa, pela televisão.
PS14 – FHC estava n a reinauguração do Maracanã. Não foi vaiado nem aplaudido, pelo fato de não ter sido reconhecido. Foi com Aecio. Durante oito anos de presidente, FHC não foi ao estádio. Aecio pelo menos foi uma vez.
03 de junho de 2013
Helio Fernandes
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