Desde há algum tempo, a classe médica vem sofrendo assédio moral ou um tipo de bullyng por parte do governo federal. No início de maneira velada e agora acintosamente, despudorada. É uma campanha fascista para quebrar o poder de formação de opinião da classe.
Desqualificar para enfraquecer a autoestima, dividir para dominar, esses filmes são antigos.
Uma breve retrospectiva nos mostra etapas dessa campanha sórdida: parteiras em lugar de médicos, enfermeiras e atendentes clinicando, solicitando exames prescrevendo medicamentos, optometristas receitando problemas de visão, e assim por diante. Pregam: “Médicos são os culpados pela situação da saúde no país, pois são egoístas e não querem atender os pobres nas cidades do interior. Médicos que se formaram em faculdades públicas, de graça, deveriam retribuir e trabalhar nos rincões.
Nos noticiários até troca de medicamentos por parte de atendentes de enfermagem são taxados de erro médico. Novelas, notícias, artigos, entrevistas depoimentos, peças publicitárias, filmes, sub-repticiamente induzem o público a demonizar o médico, o vilão da desgraça nacional. Médicos são ricos. Só pensam em dinheiro. Têm carro importado, vivem passeando na Europa, fazendo cursos no Canadá e nos USA, iates, luxo. Médicos faltam ao serviço público para ganhar dinheiro no privado”.
O que há por detrás disso tudo?
Há um planejamento de perpetuação no poder de um núcleo do PT que assumiu o comando da nação de maneira democrática, com as bandeiras da ética e da justiça social.
A retaliação contra a classe médica deve ser vista no contexto geral desse programa de poder. Foi tentado alterar a constituição por plebiscito, retirar do ministério público o poder de investigação, criar uma agência reguladora da imprensa, nos moldes das outras agências reguladoras, as quais têm um poder enorme (fiscaliza, julga e pune), limitar o poder do STF de julgar, e assim por diante.
No desespero tramaram trazer 6000 médicos cubanos com agentes doutrinadores, para sustentar e garantir os votos da periferia e dos grotões de miséria, oficializando a prática de trabalho semiescravo no nosso país (ironia partir do Partido dos Trabalhadores), a repercussão foi tão grande que aparentemente retrocederam; a nação brasileira um dia vai reconhecer o mal que conseguimos evitar. Essa a meu ver foi a maior vitória dos médicos.
O desespero ao ouvir o grito que estava entalado na garganta, trovejando nas ruas, fez com que o desatino desvairado tomasse conta do Planalto Central. O “vilão” tem que pagar caro. Aumentem para dois anos o longo curso que já fazem, obriguem a atender mesmo como estudantes o povo (serviço civil obrigatório), vetem a lei do Ato Médico e liberem outros profissionais e estudantes para atender também, joguem mais ainda a opinião pública contra esses médicos.
Diria que se não fosse trágico, pois nada é mais valioso para um país que a vida de seus cidadãos, estaríamos vivendo uma ópera bufa numa apresentação circense montada num hospício.
O que eles esquecem é que médicos não usam Black-tie. Médicos não viajam em jatos da FAB. Médicos não têm mensalão. Médicos não têm verba de representação, nem cartões oficiais, nem passaportes diplomáticos falsos, médicos não desviam dinheiro público nem fazem concordatas soturnas nem recebem financiamentos de campanhas.
Médicos apenas trabalham e estudam e trabalham, e é quem está junto de vocês nas piores horas de suas vidas ou nas mais alegres, talvez.
22 de julho de 2013
Assuero Gomes é Médico e escritor
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