"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

KASSAB, CUMPANHEIROS E OS PROBLEMAS DO JOGO SUJO

Pois é. Quem te viu e quem te vê.

Ao completar trinta e dois anos, o PT é um jovem partido político com a alma decrépita de um velho octogenário. Afinal, exatamente como acontece com o corpo de quem abusa das bebidas, das drogas, da noite – levando a chamada “vida loca” – que acaba pagando o alto preço de morrer cedo, graças aos danos causados em seus órgãos pelos excessos. A alma de um partido político é a sua essência ideológica e deve traduzir seus ideais de luta. Por isso mesmo, ao completar seus poucos trinta e dois anos, o PT mostra com todas as letras os malefícios causados pelos excessos de sua sede pelo poder a todo custo e pela sofreguidão compulsiva em levar o país de volta aos tempos da Guerra Fria ou da Revolução Russa.


Dono de uma aura perfeita de partido ético e seriamente ligado ao combate às oligarquias sanguessugas, que prendiam nossa nação no atraso e na servidão colonialista, mantendo nosso povo refém de bolsas e cestas básicas em troca do cabresto político eterno; ao chegar ao poder e ter sido conduzido a ele por uma das maiores votações já vistas em nossa história; o que fez então?

Diante da burrada do mensalão e da chantagem da máquina corrupta e oligárquica que sempre existiu em Brasília, o jovem partido vendeu sua alma e suas convicções ao demônio para garantir sua permanência no poder e escapar da vergonha de ter seu mais expressivo integrante – o ex-presidente Lula – exposto a um processo de Impeachment.

De lá para cá, exatamente como um trem desgovernado descendo a montanha, o PT começou a abraçar de peito aberto qualquer um ávido em mamar nas tetas do poder. Pouco importa se a ética, a correção administrativa, a moral política ou mesmo o simples bom senso são jogados pela janela enquanto o trem acelera sem parar e atropela anos de discursos, promessas, metas e a fé de quem acreditou nos falsos profetas da ética na política.

Ao mesmo tempo, buscando se impor pela força da mobilização de sua enorme massa de militantes e incentivando abertamente a manipulação política através da compra com dinheiro do Tesouro Nacional de sindicatos, da UNE, de centrais sindicais e de um universo inteiro de entidades – que antes lutavam contra as mesmas práticas que o partido agora abraça – nosso jovem aniversariante, sem argumentos lógicos e éticos capazes de defendê-lo, passou a optar pela utilização da violência através de elementos infiltrados estrategicamente na multidão de militantes.

Assistimos a isso claramente nos episódios violentos, ocorridos na eleição presidencial passada e nas manifestações violentas contra o prefeito de São Paulo, depois da desocupação do Pinheirinho.
A manipulação política ficou tão clara que chegou a ser vergonhosa. Afinal, Kassab nada tinha a ver com o desastroso episódio da desocupação do Pinheirinho – que ocorrera em outra cidade – e no mesmo dia se fazia o lançamento da candidatura a prefeito de São Paulo do fraquíssimo e incompetente ex-ministro da “deseducação”, Fernando Haddad (o candidato do kit gay, segundo o Bolsonaro).

O grande problema de perder a noção das coisas e o bom senso, partindo para o jogo sujo na política, é que uma hora ou outra a coisa pode se voltar contra você e te deixar com cara de palhaço ou mesmo destruir completamente a sua credibilidade.

É claro que, para quem pensa um pouquinho e não se deixa levar pela propaganda partidária e pelas mentiras – repetidas milhares de vezes na esperança de que se tornem verdades – o PT já não tem nenhuma credibilidade como esperança de mudança no “Status Quo” da política nacional e, muito menos, como elemento de peso para as reformas de que tanto precisamos.

Hoje, o jovem de alma velha, é nada mais e nada menos do que “mais um” na multidão de partidos formados por aproveitadores e espertalhões que só esperam a chance de assumir o poder para enriquecer rapidamente.
A única diferença é a sua legião de militantes, cegos de paixão, incapazes de acreditar que os sonhos e esperanças do passado foram trocados por muito dinheiro, consultorias nebulosas e farta riqueza acumulada misteriosamente.

A maior prova disso é Kassab – agora mais um “cumpanheiro” – que antes era o odiado, o xingado, o agredido e considerado um amaldiçoado exemplo da mais reacionária direita e a verdadeira “Nêmesis Maldita” de qualquer petista de carteirinha.
Kassab foi alçado – da noite para o dia – pela alma podre, suja e pervertida que tomou conta do PT (e tem seu vulto maior em José Dirceu) a categoria de aliado querido e grande expoente político nacional. Um verdadeiro socialista preocupado com a causa popular.

O mais engraçado nisso tudo é perceber como grande parte da própria direção petista se sente desconfortável com esse tipo de coisa. Como se já não bastasse morrerem abraçados com a fina flor da oligarquia nacional e da corrupção galopante – Sarney, Renan Calheiros, Collor, Roriz e Cia Ltda – agora ficam com aquela “cara de tacho” enquanto a militância amestrada vaia incessantemente o seu novo ídolo.

A vergonha chega a tal ponto que nem conseguem se manifestar a respeito e só depois, um tímido e visivelmente sem graça, Cândido Vacarezza (o líder do governo na Câmara) aparece para dar uma das desculpas mais esfarrapadas da história: “Não… agora eles vaiam. Mas, depois, vão aplaudir…”

Pois é PT… Quem te viu e quem te vê…
11 Feb 2012
opinião e notícia

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