"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

QUESTÃO SÍRIA É HISTERISMO OBSCENO

Ministro russo diz que reação do Ocidente à questão da Síria é quase histérica e obscena.

A reação do ocidente ao veto de Moscou e Pequim a um projeto de resolução sobre a Síria, em exame no Conselho de Segurança da ONU, é “quase histérica”, “obscena” – disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, acrescentando: “Os excessivamente furiosos raramente têm razão”.

Segundo o diplomata, aquelas “declarações histéricas” visam exclusivamente a ocultar o que realmente se passa na Síria. Para Lavrov, há mais de uma fonte de violência na República Árabe. Por isso, Moscou apoiou a iniciativa de acordo negociado, que a Liga Árabe apresentou em novembro passado. Naquela ocasião, a proposta da Liga Árabe falava em pôr fim a violência “venha de onde vier”.

O ministro observou que essa demanda aparecia refletida na resolução do Conselho de Segurança. Mas o documento teria de oferecer mais do que só slogans e propor passos precisos pelos quais atender efetivamente às demandas.

“O que se viu foi que, na versão analisada agora, havia muitos detalhes exigidos de um só lado e só do lado do governo sírio” – disse Lavrov. “Apresentamos várias emendas a serem feitas no projeto, para corrigir esse desequilíbrio e indicar passos concretos a serem dados, pela oposição e pela comunidade internacional, para pôr fim à violência dos grupos extremistas armados em ação na Síria.”

Dentre as emendas sugeridas pelos diplomatas russos havia a exigência de que o governo sírio retirasse soldados e agentes de segurança das cidades; e, simultaneamente, os grupos extremistas armados desocupariam as áreas onde estão e entregariam as armas. Além disso, a Rússia sugeriu que a comunidade internacional se organizasse para negociar com a oposição política e obter dela que se separasse dos extremistas armados, como primeiro passo para pôr fim à violência na Síria.

O ministro russo disse que Moscou foi surpreendida pela decisão do Conselho de Segurança de ignorar completamente aquele conjunto de emendas “absolutamente lógicas” que os russos ofereceram como sugestão. Para Lavrov é “muito lamentável” que os autores do projeto inicial tenham desconsiderado as sugestões dos russos e tenham optado por votar “precipitadamente” o projeto de resolução.

A Rússia pediu aos membros do Conselho de Segurança que a votação fosse adiada por alguns dias, até que o próprio Lavrov e o chefe da Inteligência russa, Mikhail Fradkov, pudessem ir a Damasco, onde já tinham reunião agendada com o presidente Al-Asaad, para o dia 7/2. Para Lavrov, a votação precipitada, que desconsiderou o trabalho diplomático dos russos, foi “flagrante desrespeito”.

Falando em Moscou, o ministro russo denunciou que agentes externos tentam hoje derrubar o governo sírio. Por isso, sobretudo, o número de mortos continua a aumentar.

“Várias vezes conclamamos Damasco a promover e apressar várias reformas indispensáveis, e continuamos a trabalhar nessa linha. Mas vemos bem claramente também que há outros atores, com outros objetivos específicos. Esses outros atores estão tentando instrumentalizar o movimento de oposição na Síria para conseguir derrubar o governo.”

Segundo o ministro Lavrov, a oposição síria está sendo “insistentemente manipulada do exterior, com instruções para não aceitar qualquer acordo negociado com o governo”. Mais que isso, os mesmos atores externos estimulam as milícias armadas – inclusive os grupos extremistas – e lhes fornecem armas e todos os tipos de suprimentos e apoios.

13 de fevereiro de 2012
(Transcrito do Rússia Today)

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