Todo mundo sabe que política, religião e futebol ninguém deve discutir. Pois, cada um tem a sua opinião e ninguém muda de lado.
Exageros à parte, esse antigo dito popular encerra uma certa sabedoria. Afinal, mesmo querendo negar, somos todos influenciados por nossas convicções religiosas, políticas e por nossas preferências. São hábitos adquiridos desde a infância e propagados no seio da família de cada um. Portanto, ninguém joga seus valores fora e os substitui por outros da noite para o dia.
No entanto, desde que assumiu o governo federal e se viu enrolado numa verdadeira rede de falcatruas, mamatas e atos inconfessáveis de toda forma, o PT descobriu que a única chance de se manter no poder era mandar “às favas” todas as suas convicções e formar alianças com todos os deuses e com todos os demônios possíveis e imagináveis.
Daí surgiram as mais esdrúxulas situações como as defesas veementes de “grandes socialistas históricos” como Sarney, Renan Calheiros, Maluf, Joaquim Roriz, Fernando Collor e toda sorte integrantes das oligarquias corruptas dessa terra de Pindorama. Agora, diante do mais novo integrante da quadrilha de oportunistas – Kassab – o PT faz das tripas coração para justificar o injustificável.
Um dos principais pontos negativos desse jeitinho petista de governar é lançar o país num dos períodos mais negros de sua história em matéria de política partidária. Não há mais qualquer viés ideológico em qualquer partido político. Vivemos uma situação de quase ditadura pelo simples fato de um partido reinar magnânimo e inatingível e não termos oposição competente e atuante para barrar as sandices que transbordam do Palácio do Planalto.
Ao mesmo tempo, vivemos uma situação extremamente perigosa ao percebemos como é fraco o governo petista. Diante do que você leu até agora e vê dia a dia nos noticiários políticos, essa afirmação pode parecer um paradoxo. Mas, na verdade, ela reflete a mais profunda realidade.
Exatamente por ter abraçado uma enorme quantidade de partidos e a maioria deles não ter qualquer vínculo ideológico ou programático com o PT, as alianças se apoiam unicamente no fisiologismo e no interesse barato por tirar o máximo de vantagens possíveis das instituições nacionais da forma mais pura e simplesmente descarada.
Assim, assistimos ao episódio da revolta da Bancada Evangélica com as declarações do Secretário-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Não que esse senhor seja digno de nota ou uma sumidade intelectual, cujos pronunciamentos levem o país a refletir sobre seus argumentos, mas pelo simples fato de mostrar como um “simples ninguém” pode colocar em perigo a tal governabilidade que o PT tanto diz prezar e, ao mesmo tempo, expor com toda clareza possível os pés de barro do todo poderoso Partido dos Trabalhadores.
Ao simplesmente declarar o óbvio, num desses eventos regados a dinheiro público que o PT adora bancar, Gilberto Carvalho foi ofendido e humilhado publicamente por elementos da Bancada Evangélica e foi obrigado a pedir perdão – também de forma pública – diante da claque de fanáticos que brandia suas bíblias e preparava a fogueira para queimá-lo vivo.
Vivendo em um Estado que se declara laico (não influenciável por questões religiosas), foi um absurdo e fonte de preocupação ver – em um piscar de olhos – como o Governo Brasileiro se viu de joelhos frente à gritaria dos evangélicos que só podem pensar no Estado como um elemento sempre subordinado às suas opções filosóficas e doutrinárias.
Não sou particularmente favorável ao aborto. Mas, também não sou hipócrita de imaginar que a ilegalidade do ato impeça a sua ocorrência. O Estado gasta milhões com o tratamento médico de emergência de mulheres que se submeteram a abortos clandestinos nas mãos de açougueiros das mais diversas estirpes.
Ninguém em sã consciência pode imaginar que uma mulher vá usar o aborto como meio contraceptivo constante. Por isso mesmo, já passou da hora de encararmos o problema pelo que ele verdadeiramente é: Um problema de saúde pública.
Lembrar ao PT que um governante deve governar a todos e, numa democracia, ser influenciado pela maioria dos habitantes de uma nação e não por uma ou outra corrente religiosa (ou mesmo ideológica) é algo que ninguém parece querer. Afinal, quem vai querer bater de frente com o Pai e com a Mãe dos Pobres ou com o Grão-Mestre José Dirceu?
Enquanto isso retroagimos à Idade Média e assistimos a uma Igreja (ou determinada corrente religiosa) ditar livremente os caminhos e as metas que o Estado Brasileiro deve seguir; impondo sua vontade pela intimidação e pela ameaça pública e notória.
Quem sabe amanhã, para não perder a Bancada Evangélica, Dilma não publicará uma lei obrigando todos os infiéis ou ateus a se converterem a uma seita evangélica qualquer, sob pena de perder as garantias da Constituição?
Tenho certeza de que a Bancada Evangélica ia adorar.
Afinal, a arrecadação do dízimo na Igreja ia “bombar”.
E você leitor, o que pensa disso?
17 de fevereiro de 2012
visão panorâmica
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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