Ivo Cassol impediu votação de projeto que acaba com 14º e 15º sal. de parlamentares.
Ainda não foi desta vez que o contribuinte se viu livre de trabalhar duro para custear o pagamento de 14º e 15º salários pagos a parlamentares, sem desconto de Imposto de Renda.
Por causa da pressão da opinião pública isso acabará sendo aprovado, mas não sem reclamações de alguns mais inconformados, como o senador Ivo Cassol (PP-RO), que nesta terça-feira pediu vista do projeto que acaba com a regalia, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Cassol reclama que ganha pouco e exige que os senadores que votarem a favor devolvam os salários extras que receberam até agora.
Ele é filho do senador Reditário Cassol (PP-RO), seu suplente, que no mandato foi para a tribuna defender o uso de chicote em presidiários que se negarem a trabalhar para sustentar suas famílias ao invés de ficar pendurados no auxílio reclusão.
- O político no Brasil é muito mal remunerado! Tem que atender ao eleitor com pagamento de passagens, remédio, é convidado para patrono e tem que pagar as festas de formatura porque os jovens não têm dinheiro - disse Cassol.
Ao ser indagado se esse papel de atender aos carentes não seria do Estado e o político o faz por troca de votos, ele reagiu:
- Se for alguém bater na sua porta pedindo uma Cibalena você vai negar? O político não faz isso só por barganha de votos. Eu faço por uma questão humanitária. Tenho certeza que uma zeladora aqui da Casa ganha muito mais que vocês jornalistas.
Ao vê-lo discutir com os jornalistas do lado de fora da comissão, o senador Lindberg Faria (PT-RJ), relator do projeto, tentou argumentar:
- Essa ajuda de custo fazia sentido lá atrás, quando os senadores se mudavam com suas famílias para Brasília. Isso não existe mais!
Cassol ainda se defendeu, dizendo não ser vilão:
- Mas eu quero me inteirar melhor do projeto. Quando me perguntaram se eu concordava com o 14º e 15º salários sem imposto de renda, eu disse que o dinheiro que estava na minha conta certamente era legal. Não sou o vilão da história. O senador que votar contra aqui , pelo fim do benefício, vai ter que provar que devolveu tudo que recebeu - respondeu Ivo Cassol.
O Globo
21 de março de 2012
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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