Artigos - Direito
O aborto e a eutanásia promoverão uma verdadeira mudança psicológica na civilização, pois esta perderá mesmo o próprio sentido da vida. Imaginem a tragédia!
Depois que o Bispo de Guarulhos, Dom Luiz Bergonzini, afirmou com sabedoria e justiça (e ao meu ver, já passada a hora...) que a PUC-SP não deve aceitar em seu corpo docente - e também no discente – aqueles que defendam posições contrárias ao credo cristão e católico, o Dr. Leonardo Sakamoto escreveu mais um de seus artigos repletos de estultices e inverdades camufladas de boas intenções, no qual já começa a confundir o leitor pelo próprio título: “A Cibercensura da Santa Inquisição e a liberdade de blogar”.
Não vou perder tempo nas linhas que seguem para analisar suas besteiras, evidentes para qualquer pessoa honesta e com bom juízo, mas apenas vou destacar a galhofa (“Santa Inquisição”) com que o “douto” militante marxista trata o bispo, que afinal de contas, vejam, lá, é o seu patrão. Ademais, o japonês (cujos cabelos devem ter se tornado encaracolados por excesso de exposição ao sol) mente com o brilho do óleo de peroba que lhe lustra a face, pois Dom Luís Bergonzini jamais teceu algum comentário sobre sua liberdade de blogar. O que fez, sim, foi recomendar à PUC que professores defensores do aborto e da eutanásia, bem como de outras posições contrárias ao credo católico devem ser demitidos. Oras, nada mais justo! O que os petistas achariam, por exemplo, de se manter Roberto Campos na Escola Nacional Florestan Fernandes?
Feitas as considerações introdutórias, venho oferecer minha opinião a respeito da eutanásia, já amplamente defendida pela agenda do que os petistas e seus satélites, tendo o Sr. Sakamoto como seu ganso de coleira, chamam de “direitos humanos”. Mas atenção: não vou usar o argumento de autoridade da minha fé! Vou, sim, recorrer a uma alegação de ordem bastante prática e, como queiram os materialistas, racional.
Em nenhuma civilização como a ocidental, de tradição judaico-cristã, houve um desenvolvimento tão contrastante com outras sociedades quanto à descoberta de remédios, técnicas cirúrgicas e de tratamento, bem como de equipamentos criados para salvar vidas e prover não só uma maior longevidade, mas um alongamento da vida com saúde e qualidade.
Os índios, esses matam as criancinhas logo que percebem nelas qualquer sinal de má-formação. Há tribos que cultivam o suicídio durante a juventude, pois temem a velhice como um tormento. Os esquimós também matavam as primogênitas e largavam à inanição os velhos que já não podiam acompanhar o clã. As mulheres esquimós, então, já eram entregues às feras assim que seus dentes se mostrassem imprestáveis para mastigar o couro dos animais, com os quais confeccionavam cordas e vestimentas. Mesmo em sociedades um pouco mais adiantadas, a medicina avançou até certo ponto considerado “viável”.
Nas sociedades totalitárias comunistas, a medicina tem a sua demanda controlada pelo estado. De acordo com a doutrina coletivista da qual Leonardo Sakamoto se faz empolgado porta-voz, o ser humano não passa de uma engrenagem dentro da máquina social, de modo que, mostrando-se defeituosa, cumpre-se que seja logo substituída. Não há motivo para se gastar mais com um indivíduo do que o que este pode contribuir para o estado. Portanto, os velhos e doentes crônicos, dos quais já não se espera que sejam devolvidos ao trabalho, são merecedores do conceito de “direitos humanos” que por lá vigem...
No magnífico filme “Sunshine – o despertar de um século”, que recomendo efusivamente aos leitores, há justamente uma cena em que a mãe do protagonista, velha e doente, nega-se a usar o sobrenome “Sors”, adotado pela família, e insiste em ser registrada como “Sonnenshein”, seu sobrenome original, denunciando assim sua origem judaica, em plena Hungria tomada pelo nazismo. E então seu filho compreende que a verá viva pela última vez ali, na maca, antes de os médicos a levarem...
Se a indústria farmacêutica, os médicos e os fabricantes de próteses, marca-passos e outros inventos se viram permanentemente incentivados a investir quantias gigantescas de recursos em pesquisa por tantas vezes durante períodos que ultrapassaram as décadas, a única razão para tal esforço é que a sociedade cristã lhes forneceu a perseverança, a demanda e o patrocínio, por força da intransigente moral em defesa da vida até o último momento.
Quando pessoas levianas, como Sakamoto, falam de “encutar o sofrimento” de pacientes terminais, agem à maneira daquele que ao ver alguém pendurado num precipício pelas unhas agarradas às ranhuras da rocha, considera mais acertado pisar-lhe as mãos do que arranjar um jeito de puxá-lo para cima. Com efeito, é muito mais cômodo...
Foi pela perseverança na luta pela vida que os nossos antepassados nos legaram os remédios e meios que hoje nos permitem desfrutar a vida com muita saúde aos cinquenta, sessenta e até aos setenta anos.
Cumpre-nos então ratificar nossa aposta até o último dia, para que nossa sociedade adie para mais longe ainda a morte dos nossos filhos.
Se Leonardo Sakamoto e os demais defensores da eutanásia fossem honestos, deixar-se-iam entregar à eutanásia assim que em seus corpos surgissem os primeiros sinais da necessidade do atendimento eficaz com as técnicas avançadas criadas pela civilização cristã ocidental e capitalista, que tanto odeiam. Nem sequer um comprimido para controlar a pressão! Que tenham um AVC e ao se virem de todo entrevados, recebam, imediatamente, uma injeção letal, ministrada, claro, com muito humanismo.
Prezados leitores: a defesa da eutanásia é um canto da sereia para almas preguiçosas. A elas parece um ato de compaixão assassinar alguém com a prepotência de julgar que não lhe resta salvação. Trata-se de um engodo. A medicina tem hoje como aliviar razoavelmente o sofrimento com remédios analgésicos, até o último suspiro. No entanto, desde o primeiro ato legalizado de eutanásia, irão aparecer cada vez mais casos que se distanciam da “extrema necessidade” alegada inicialmente. E sendo o governo o administrador soberano da saúde, basta-lhe muito pouco para atirar à morte qualquer um cujo tratamento ultrapasse um determinado orçamento.
Mesmo quem recomenda a eutanásia para si mesmo comete um ato de insanidade e de violência: eutanásia é descarte, e o ser humano não existe para ser descartado, mas sim para ser acolhido pelos seus entes queridos. Quão mais suave e humana é a morte amparada nos braços de alguém, às mãos dadas, sob a vigília dos que o amam! Pense bem: na sua hora, você vai querer ser descartado abruptamente ou vai preferir esperar seus olhos se fecharem em paz e amor?
Klauber Cristofen Pires
21 Março 2012
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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