"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 27 de abril de 2012

APRENDAM COM O PASSADO

 As notícias recentes sobre a economia argentina me trouxeram a memória da reação do Brasil, sob Geisel ao “choque do petróleo” de 1974.

O Governo Geisel ante o aumento de preço do petróleo decidiu barrar a entrada de produtos importados, que já não eram muitos, pois sempre houve problemas em conseguir guias de importação. Praticamente exportávamos para obter divisas para comprar petróleo e nada mais. Geisel achou que podíamos produzir
tudo aqui.


 Recordo como tenho feito em artigos ao longo dos anos que os “Tigres Asiáticos” frente o mesmo aumento do petróleo e derivados simplesmente aumentaram seus esforços para exportar.

O Brasil fechado resignou-se a consumir o que pudesse ser produzido aqui. Com isto sua indústria ficou obsoleta enquanto indústrias de outros países em desenvolvimento cresciam e se sofisticavam, com acesso à tecnologias e equipamento de última geração.
Enquanto copiávamos equipamento ultrapassado para nossa indústria e pagávamos preços de escassez induzida pelos insumos os “Tigres” acumulavam tecnologia de ponta, conquistavam mercados, construíam sua estrutura logística (estradas, portos companhias de navegação e aeroportos) e acumulavam reservas obtidas comercialmente e não atraídas por altas taxas de juros.

De 1990 em diante o Brasil praticamente sucatou grande parte de sua indústria e a substituiu por equipamento de ponta, viabilizou empreendimentos com firmas estrangeiras e com isto conseguiu fazer frente a aumentos reais de salários o que criou novos mercados para a produção local que se obrigava a competir com fabricantes no exterior.
Infelizmente depois do início da “marolinha” de Lula houve a iniciativa de aumentar o PIB pela via comercial. Obviamente mercadoria importada que passe pelo comércio gera PIB. Gera também impostos. Donde para o governo aparentemente está tudo bem.
Contudo as indústrias, reabilitadas pelo reequipamento ocorrido após 1990 em que a produtividade aumentou ainda enfrentavam impostos e uma estrutura de arrecadação injustamente pesada, além de preços de energia desproporcionais ao custo real especialmente devido aos impostos que carregam em seu bojo. Isto significa que de um mesmo produto importado é tão barato que a opção de importá-lo se torna mais atraente para não perder o mercado.

Com isto cresce o desemprego e o setor terciário não pode absorver a quantidade de empregados de indústria deslocados pelos produtos importados. Talvez estamos prestes a ir para novo ciclo de obsolescência geral na indústria salvo os grandes empreendimentos mineradores, petroquímicos e de petróleo e, talvez, a agroindústria.

A Argentina com seu câmbio de mentira no fim dos anos 70 e início dos anos 80 fez isto. Para que os argentinos pudessem consumir a baixo preço o melhor que houvesse no mundo manteve uma paridade de moeda irreal. Com isto os fabricantes argentinos passaram a importar produtos e vendê-los sob suas marcas.

Na época era uma estratégia de Videla para esconder sua “guerra suja”.
Contudo a Argentina várias vezes recorreu ao mesmo expediente sob os militares e após estes.
Neste momento a Argentina está fazendo o contrário. Barrou a entrada de tudo que consegue.

Como sua indústria não tem o porte para suprir o mercado está faltando até papel higiênico e conforme vemos, resistências para ferros de passar, cubas para liquidificadores e todo o resto que promove algum conforto moderno ao ser humano.

Obviamente sua inflação, oficialmente de +/- 11,5% (aproximadamente) está segundo economistas independentes, que são perseguidos pelo regime da mesma maneira que jornalistas e psicólogos sob o regime militar, calculam a inflação real em +/- 25%.

Isto deve aumentar, como descobrimos no Brasil no passado. Há uma inflação de demanda, ou seja, quanto mais escasso um produto mais caro fica. E controles de preço não funcionam. Nos anos 80 Sarney congelou os preços. Produtores de insumos que dependiam de preços internacionais tiveram, de cobrar ágio por fora. Seus clientes idem.

Todas as medidas econômicas de Cristina Kirchner (foto) hoje parecem destinadas a maquiar o desastre que se estabeleceu na Argentina. Um desastre oriundo de uma total incompetência na presidente e nos que a assessoram, ou talvez na incapacidade dela de ouvir vozes mais equilibradas que impliquem em uma censura.
“La Presidentesoy jo carajos!!”

Ralph J. Hofmann

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