Eu não quero nem pensar,
No que vai acontecer.
Depois que nosso supremo,
Decidiu tal parecer.
Tem cota prá várias classes,
Por cor, sexo ou origem.
Quando a coisa se espalhar,
Não nos livra nem a Virgem.
Decidiram que as cotas,
São bem constitucional.
E que reservar as vagas,
Tudo é coisa bem legal.
Capacidade não vê,
Competência nem também.
O que interessa é cotar,
Não interessa nem a quem.
Se um branco infortunado,
Nota dez ele tirar.
Outro que tirar um sete,
Na frente lhe vai passar.
Pois se for um escurinho,
Ou de escola do governo.
Toma vaga na maior,
Sem queixume e com sossego.
Se houver concurso público,
Nem precisa estudar.
Basta fazer um exame,
Prá em pardo se tornar.
Escolhe a melhor vaga,
Melhor remuneração.
Nem interessa se outro,
Tirou nota maior não.
E ainda tem a boquinha,
De estudar no exterior.
Coisa de escola grande,
Que deelma negociou.
Com cota prá todo mundo,
Que quiser só viajar.
O tema de seu mestrado,
Nem precisa apresentar.
Os argumentos da toga,
Parece filme de horror.
Tem um que alega perda,
Prá geração anterior.
Que tem que recuperar,
Prejuizo do passado.
Não interessa agora,
Que é beneficiado.
O tal daquele que Lewa,
E eu não sei bem aonde.
Disse que depois conserta,
Coisa do tempo do bonde.
Que quando chegar a hora,
Que equilibrar a peleja,
Volta tudo onde estava,
E tudo acaba em cerveja.
O ministro Luiz Fux,
Que decide ser assim.
Disse que não discrimina,
Classifica isso sim.
Rosa Weber do Trabalho,
Com tão pouca experiência.
Acha cota bem legal,
Quase coisa de ciência.
Carmen Lúcia consciente,
Decidiu que é legal,
Por conta de seu passado,
Onde sofreu muito mal.
Peluso foi mais além,
Citando coisa de crédito.
Pois criou o incompetente,
Que passa agora a ter mérito.
Gilmar que muito ajudou,
Quem queria se soltar.
Falou de tal distorção,
Que agora vai acabar.
Celso Melo que já fez,
Muito voto bem legal.
Disse que agora o Brasil,
Tá quase internacional.
Barbozão que tem nas cotas,
Mesmo com tanta dor.
Obrigação de votar,
Mensalão que apurou.
Disse que nos isteites,
Liberdade agora há.
Só depos que um negão,
Começou a governar.
Circulou na internet,
Pensamento igual ao meu.
Branco, hetero e médio,
Pode contar se fud**.
Pois não vai ter mais a chance,
Que eu tive no passado,
De fazer minha carreira,
No estudo bem calcado.
Tira 20 para os pardos,
Mais 20 só para mulher.
Outros 20 para os homo,
Mais 20 prá quem quiser.
Só sobra 20 pro resto,
De toda essa nação.
Competência não importa,
Detalha não vale não.
Como querem que se faça,
Dessa uma grande nação.
Se reserva não se faz,
Para o competente não.
Seleciona por cota,
Sem qualquer merecimento,
Que é bo e qeum produz,
Cai mesmo no esquecimento.
Parou a rima...Sou branco (branquelo mesmo), hetero, filho de
famíla de 4 filhos, sustentada por funcionário publico que ganhava, em números
de hoje R$ 5.000,00; que nos dizia que o dinheiro da casa era prá pagar escola e
comida.
O que ele tinha prá nos deixar era o que coubesse nas nossas cabeças.
Exemplo de honra, dedicação a seu trabalho e à família e à seriedade que nos
legou (Ô expressão banalizada hoje em dia).
Nosso pequeno apartamento de 70
metros quadrados, nos foi dado por um tio, que, saindo de Manaus, passou em
terceiro lugar em medicina na UFPE e morou em nossa casa por um tempo.
Exceto minha irmã que era um pouco mais bronzeada, nenhum de
nós se enquadraria em nenhuma cota. E o Brasil teria perdido 2 engenheiros, 1
professora de educação física e um administrador especialista em marketing (não
marqueteiro). Todos pós-graduados e com trabalhos premiados nacionalmente.
Pena. Dó. Lamento. Vergonha. Ira.
Lamento encerrar este cordel assim, mas foi inevitável pela
revolta que me reveste.
27 de abril de 2012
Tribo dos Manaós
Ajuricaba
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