"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 4 de abril de 2012

O ALERTA DO POETA FERREIRA GULLAR

Em sua coluna na 'Folha de S. Paulo', Ferreira Gullar adverte que, em breve, a falta de um projeto estratégico para o país vai custar caro ao governo Dilma. Por Luiz Alberto Machado

Em sua coluna semanal ao jornal Folha de S. Paulo, o poeta Ferreira Gullar revela-se um grande analista econômico e um brilhante cientista político, alertando para o agravamento da situação brasileira que caminha, a passos mais largos do que a maior parte da população consegue perceber, para um quadro preocupante.

No plano econômico, Ferreira Gullar afirma que o sucesso do presidente Lula deveu-se, acima de tudo, pela manutenção da espinha dorsal da política econômica concebida nos governos de seus antecessores Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Foi graças a essas medidas que o Brasil se livrou da inflação crônica que inviabilizava o crescimento da produção e consumia o valor dos salários. A abertura da economia e a conquista da estabilidade, tantas vezes criticadas por Lula e pelo PT, somadas ao prolongado crescimento da economia mundial permitiram que Lula adotasse seus programas assistencialistas e concedesse aumentos salariais que beneficiaram o crescimento da população mais pobre. Isso foi feito, como bem observa o ex-presidente do Conselho Federal de Economia, Carlos Roberto de Castro, “sem que Lula tivesse um programa de governo nem muito menos um projeto estratégico para o país”.

No plano político, Ferreira Gullar observa que “desde que o petismo assumiu o governo, nenhuma medida foi tomada para atender às novas condições criadas pelo próprio crescimento da economia. De fato, o que se fez foi onerar os setores produtivos, ampliar a máquina estatal e aumentar as despesas públicas. O número de ministros subiu de 27 para 39 – ou 40, já nem sei – e, com eles o número de funcionários concursados e não concursados”.

A combinação da melhora do padrão de vida de ampla camada da população brasileira e o aumento considerável do consumo foi suficiente para que o país passasse sem grandes traumas pela crise financeira internacional. Isso, por sua vez, foi essencial para que Lula deixasse o governo com índices de aprovação jamais vistos na história da República e conseguisse eleger Dilma Rousseff para sucedê-lo na presidência.

Como adverte o poeta, o preço para conseguir isso, porém, foi alto, e a hora de pagar a fatura está chegando. Estará Dilma Rousseff preparada e, acima de tudo, disposta a pagar o preço?

04 de abril de 2012

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