"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 21 de abril de 2012

PARA O RESTO DA EUROPA, UMA DISPUTA "FRÍVOLA".


Às vésperas do primeiro turno, imprensa europeia se frustra com ausências de questões importantes no discurso dos candidatos

Chegando na reta final, com o primeiro turno sendo decidido domingo, dia 22, as eleições francesas estão sendo vistas com certo tédio pelos próprios franceses – e com olhos bastante críticos pela imprensa. No último 30 de março, a Economist já chamava a atenção para o que deveria ser uma eleição “frívola”, onde as “verdadeiras questões”, como crescimento, competitividade, redução de despesas públicas, estavam dando lugar a assuntos secundários como a carne halal ou a gratuidade das carteiras de motorista.

Até mesmo jornal de centro-esquerda The Indepent previu que os “franceses não votarão pela austeridade, mas é o que eles terão”. De forma mais sombria, um comentarista do Channel 4 observou que o regime adotado por François Hollande não será suficiente e que o candidato “deverá reduzir ainda mais o consumo de bolos de chocolate se quiser equilibrar as contas da França”.

Uma tendência a “negar a realidade” também foi destacada pelos jornais alemães. O Tagesspiegel lamenta que “as grandes questões sobre o destino de um país e da Europa tenham sido simplesmente abandonadas”. 
Um corte com a realidade que a campanha francesa estenderia ao mundo exterior: há cinco anos, Nicolas Sarkozy anunciava o “retorno da França à Europa”, mas hoje ameaça aplicar a “política da cadeira vazia”, observa o Die Zelt. 
O hebdomadário faz piada com o lugar que o “modelo alemão” ocupou durante um tempo na campanha, e também com esses franceses que “nós pouco conhecemos e que, em pouco tempo, passaram a nos amar”.

O Il Foglio, jornal de direita italiano, já decidiu: “Um homem qualquer em Paris” é o título de um longo perfil de François Hollande, para quem, segundo a imprensa italiana em geral, a vitória parece estar garantida.
Até mesmo Carla Bruni, esposa de Sarkozy, desapareceu das manchetes para dar lugar a Valérie Trierweiler, companheira do candidato socialista.

21 de abril de 2012

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