Rodou, rodou, e voltamos ao ponto de partida.
Me bateu um desânimo, hoje, ao ver o ministro da Fazenda, com todo aquele circo armado em volta, lendo aquelas listas patéticas dos contemplados com a graça de por o nariz para cima da linha d'água quando o barco começa fazer água de que tive a ilusão de que pudéssemos nos livrar aí pelos começos do Terceiro Milênio.
"Confecções, luminárias, call centers, móveis, plásticos..."
La ia o Mantega, cheio de "erres", atirando os seus "bacalhaus" para a plateia e, na minha imaginação, eu via uma espécie de auditório de TV gigante onde, a cada nome sacado do chapéu, uma torcida se manifestava aos gritos de alívio, como quando o Jô Soares nomeia os convidados da sua plateia.
Nas primeiras filas do auditório do Mantega, aboletados em posição de destaque mas com um ar inteiramente blazé, sentava-se a fina flor dos "barões do BNDES", seguros dos seus bilhões, a nos lembrar muito graficamente que em país em que ministro da economia se dedica a montar listinhas de contemplados, só mesmo quem chora é que mama.
Reformas mesmo, nem pensar. Alterar a estrutura cuja falência o governo está confessando com seus band-aids tributário-protecionistas, de jeito nenhum.
Vamos direto e reto de volta pras carroças a preço de rolls-royce que merecemos.
O doutor Mantega mencionou a intenção do governo de obter do Congresso uma redução das alíquotas de ICMS para importados para 4% de modo a reduzir o espaço para a guerra que os governadores travam por essa brecha onde os traíras que elegemos enriquecem os espertalhões que depois financiarão as suas campanhas às custas dos empregos dos seus eleitores nas industrias nacionais que cairão de joelhos diante das importações subsidiadas com dinheiro público.
Que país, meu deus do céu!
Não estou nem culpando a Dilma, que já chegou meio no fim da festa. Pois se em países de dois partidos já não é mole aprovar políticas econômicas para tempos de vacas magras, que dirá neste pasto das matilhas de hienas da governabilidade.
Já fez mais do que eu esperava depois do que tenho ouvido por aí a respeito dessa farra do subsídio às importações, ao pelo menos mandar a lei para o Congresso de modo a "lavar as mãos".
Mas o que me garantem fontes que sabem o que estão dizendo é que é tudo só mesmo para marcar posição pois partido por partido, governador por governador, todos já provaram ao governo a sua firme disposição de não mover uma palha para extinguir essa mina.
Vão fechar a brecha para a importação de aço, graças aos préstimos de sir Gerdau e sir Steinbruch, e de certos polímeros que interessam a sir Odebrecht, todos eles devidamente alugados pelo PT para as próximas temporadas, e o resto do empresariado que se arda.
A conferir...
Agora, que é triste é triste a sina do brasileiro que insiste em empreender. Um governo que sente a necessidade de anunciar pacotes de medidas desse tipo está confessando que sua política - ou sua falta de politica - deu o que tinha de dar e precisa mudar de rumo, mas que ele não tem condições políticas sequer de pensar nisso.
A onda da inflação das commodities só serviu para inflar egos e comprar poder. Em matéria de musculatura institucional, não avançamos um passo.
03 de abril de 2012
fernaslm
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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