"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 24 de maio de 2012

COMPARSA DE CACHOEIRA ROMPE SILÊNCIO NA CPI DO BICHEIRO

wladimir Garcez, ex-vereador pelo PSDB, adotou estratégia diferente dos colegas, resolveu falar e citou ligações com nomes importantes da política
 
O ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) depõe na CPI do Cachoeira, em Brasília, nesta quinta-feiraO ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) depõe na CPI do Cachoeira, em Brasília, nesta quinta-feira (Andre Dusek/AE)

O ex-vereador Wladimir Garcez usou seu depoimento desta quinta na CPI do Cachoeira para alegar inocência e exibir suas ligações com figuras importantes da República. Comparsa do contraventor Carlinhos Cachoeira, ele mandou recados. Depois, recusou-se a responder as perguntas dos parlamentares.

"Conheço muitas lideranças desse país”, afirmou o depoente. “A começar pelo ministro e deputado José Eduardo Cardozo. Sou amigo e coordenador da campanha do doutor Henrique Meirelles, que foi deputado federal em Goiás". Garcez também citou o ex-governador Íris Rezende (PMDB), o senador Paulo Paim (PT-RS), o subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais do governo federal, Olavo Noleto, o prefeito de Goiânia, o petista Paulo Garcia, e o governador tucano Marconi Perillo.

O depoimento de Garcez começou às 10h35. Ele é o primeiro dos três convocados para falar à Comissão Parlamentar de Inquérito nesta quinta-feira – e o único disposto a falar aos parlamentares.

"Sem nunca ter cometido crime algum, estou encarcerado sob alegação de que a minha liberdade coloca em risco a ordem pública", disse Garcez no início de sua exposição. Ele também confirmou ter prestado serviço à construtora Delta: "Fui contratado pela empresa Delta para prestar assessoria ao diretor regional Cláudio Abreu".

Aos parlamentares, Wladimir Garcez disse que recebia 20 000 reais mensais da Delta e 5 000 reais mensais de Cachoeira para conseguir informações de interesse dos patrões. “Como ex-parlamentar e ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia, eu tinha muitos amigos. Minha atuação era orientar e dar informações para as pessoas que compõem vários órgãos. Foi esse o motivo que levou a Delta a me contratar", disse.

Casa - O depoente também confirmou ter intermediado a venda da casa do governador Marconi Perillo ao contraventor Carlinhos Cachoeira, negociação pela qual recebeu 100 000 reais de Walter Paulo, empresário ligado ao governador. Garcez afirma que os cheques que permitiram a transação foram repassados por Cláudio Abreu.


O comparsa de Cachoeira foi levado da Casa de Prisão Provisória (CPP) de Goiânia a Brasília na manhã desta quinta-feira. De acordo com a defesa, foi transportado algemado no camburão policial. A mulher e três irmãos de Garcez acompanham o depoimento.

Embora o ex-vereador tenha usado os dez minutos iniciais dos quais dispunha antes dos questionamentos, recusou-se a responder as perguntas dos parlamentares. Garcez informou que não comentaria o teor dos áudios obtidos pela Polícia Federal – que, segundo o depoente, são ilegais. Ele até admitiu a possibilidade de abrir exceções e responder a alguns questionamentos. Mas depois voltou atrás.

Arapongas - Depois do depoimento de Garcez, o conselho deverá ouvir Jairo Martins e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. A dupla de arapongas adotará, entretanto, a estratégia de Carlinhos Cachoeira: o silêncio total. O advogado dos dois argumenta que as escutas telefônicas que flagraram a ligação de Dadá e Jairo com a quadrilha são ilegais.

A sessão se iniciou com uma sugestão do senador Pedro Taques (PDT-MT): ele quer que, diante da perspectiva de que os depoentes se recusem a responder as perguntas dos parlamentares, a parte inicial da reunião fosse transformada em uma sessão administrativa.

Gabriel Castro e Laryssa Borges - Veja Online
24 de maio de 2012
aleluia

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